Está difícil conter a euforia em algumas lavouras. É tempo de colheita de grãos no "Brasil profundo" e os produtores de soja, milho e algodão já suspeitam estar diante de uma das mais lucrativas safras da história do país. Com bons volumes e preços elevados, nas áreas de produção mais desenvolvidas as margens de lucro baterão recordes. Diferentemente do que costuma ocorrer no campo, muito poucos perderão dinheiro nesta safra.
O Valor visitou de 14 a 19 de março 51 lavouras de soja, milho e algodão em 15 localidades mineiras, goianas e baianas. Acompanhou a Agroconsult, que há oito anos organiza a expedição "Rally da Safra", participou de trabalhos de campo, conversou com agricultores e confirmou o cenário bastante positivo desenhado há meses por órgãos oficiais e especialistas, apesar de algumas adversidades climáticas.
André Debastiani, coordenador do Rally da Safra, mostra números que confirmam o otimismo dos produtores. No Paraná, por exemplo, a rentabilidade média das lavouras de milho de alta tecnologia deverá superar R$ 2 mil por hectare, valor 150% maior que os R$ 800 da safra anterior. Em Minas, a margem dos produtores de milho será ainda maior, de R$ 2,3 mil por hectare, quase 190% acima do valor do ano passado. As contas são preliminares, fechadas a partir de apurações realizadas até o início de março.
No caso da soja, a Agroconsult estima a margem média em mais de R$ 1,3 mil por hectare no Paraná e R$ 849 no Mato Grosso, onde a safra foi "abençoada", segundo Debastiani. "É um cenário que tende a motivar a ampliação de investimentos", disse, em encontro com produtores em Unaí (MG), na quarta-feira. Nessa região específica, porém, problemas climáticos limitarão os ganhos. As chuvas diárias, que não dão trégua desde antes do Carnaval, reduziram a produtividade e provocaram alguma decepção, ainda que o lucro esteja garantido, em torno de R$ 800 por hectare.
Para o algodão, a margem de lucro dos produtores mais eficientes do oeste da Bahia vai ultrapassar R$ 3 mil por hectare, segundo estimativas de agrônomos.
Fonte: Valor Econômico/
Fernando Lopes | De Luís Eduardo Magalhães (BA)
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