Brasília. Interrompendo uma sequência de dois meses com resultados positivos, os indicadores industriais de maio, na sua maioria, registraram queda em relação ao mês anterior. Segundo dados divulgados na tarde de ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a série dessazonalizada aponta que a utilização da capacidade instalada ficou em 82,2% em maio ante 82,9% em abril. Em maio de 2012, era de 82,1%.
Queda de 3,6% nas horas trabalhadas na indústria em maio chama a atenção. Indicador ainda não voltou ao patamar anterior à crise de 2008 FOTO: DIVULGAÇÃO
As vendas reais da indústria caíram 0,5% em maio ante abril, mas subiram 6,1% ante maio de 2012. No acumulado de janeiro a maio, as vendas reais avançaram 6,2% na comparação com os cinco primeiros meses do ano passado.
As horas trabalhadas na indústria tiveram queda de 3,6% em maio ante abril e recuo de 1,3% em relação a maio de 2012. No ano, as horas trabalhadas não tiveram variação, com estabilidade em relação ao mesmo período do ano passado.
Postos de trabalho
No emprego, a indústria mostrou uma queda de 0,2% em maio ante abril e alta de 0,4% em relação a maio de 2012. No ano, o emprego industrial registra um aumento de 0,5% ante igual intervalo do ano anterior.
A massa salarial real apresentou aumento de 0,5% em maio ante abril e de 3% em relação a maio de 2012. No acumulado do ano, a massa salarial real subiu 2% ante janeiro a maio de 2012.
Tendência descartada
O economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo de Ávila afirmou que, apesar da retração dos indicadores industriais em maio, a entidade não acredita em um início de tendência de queda da atividade no setor. Segundo ele, houve uma interrupção do crescimento em maio devido à alta volatilidade. "Em 2013, a característica clara dos indicadores é a volatilidade. Não se consegue ter três meses de queda ou três meses de alta. Isso dificulta as previsões de demanda dos empresários e a nossa capacidade de fazer estatísticas", afirmou.
Ávila disse que a volatilidade vai continuar e que, por isso, descarta um cenário contínuo de alta ou de queda. O economista informou que a CNI ainda aposta em uma alta da indústria de 1% neste ano. Segundo ele, a confederação também espera um crescimento da indústria no segundo trimestre, mas se preocupa com o que pode ocorrer neste segundo semestre, já que algumas entidades preveem retração da economia no período. A CNI mantém uma projeção de crescimento da economia brasileira de 2% este ano.
´Surpresa´
O economista relatou que o que mais surpreendeu nos dados de maio foi a forte queda nas horas trabalhadas. O indicador ainda não voltou ao patamar anterior ao da crise de 2008. Ele avalia que as horas trabalhadas terão uma tendência de queda nos próximos meses, porque a indústria continua com dificuldade de mostrar crescimento. Com a queda de 3,6% em maio ante abril, o indicador voltou ao mesmo patamar de fevereiro de 2010.
O chamado "efeito carregamento" do ano, até maio, está em apenas 0,3%, o que não garante, ainda, um crescimento das horas trabalhadas em 2013. Ele adverte que, se houver um desempenho muito negativo nos próximos meses, o indicador pode até fechar o ano em queda.
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