Metais: Norueguesa vai investir no suprimento de bauxita e alumina
O desenvolvimento da cadeia produtiva do alumínio no Pará a partir da bauxita e da alumina produzidas no Estado pela Vale, um sonho antigo dos estrategistas paraenses, ficou mais distante com a venda das operações da mineradora no setor para sua parceira norueguesa Norsk Hydro. Segundo Johnny Undeli, recém nomeado vice-presidente executivo da Área de Negócios para Bauxita e Alumina da Hydro, "o vetor de todo o arranjo" é garantir matéria-prima (para fábricas da empresa em vários países) "para os próximos cem anos".
Em entrevista ao Valor, acompanhado do presidente da Hydro Brasil, Tor-Ove Horstad, Undeli, que era vice-presidente executivo mundial de Produtos Extrudados da Hydro, disse que está garantida a continuidade da operação de todos os ativos que eram controlados pela Vale, além da conclusão do projeto CAP - um refinaria de alumina (primeiro estágio de processamento da bauxita) apta a fazer 1,86 milhão de toneladas anuais. A previsão é elevar essa fábrica a 7,4 milhões de toneladas. Mas não quis se comprometer com nenhum projeto novo de industrialização do alumínio.
"O principal motivo do negócio foi assegurar alumina e bauxita, mas nós sempre podemos melhorar as operações", enfatizou, em resposta a uma pergunta específica sobre as possibilidades de novos investimentos na produção e transformação de alumínio. Undeli ressaltou que a Hydro possui fábrica de beneficiamento de alumínio em Itu (SP), onde produz tubos para refrigeração, componentes automotivos e outros artefatos de alumínio usando matéria-prima virgem e reciclada. O executivo disse ser cedo para prever o futuro da atuação no Brasil. "O momento é de estudar e conhecer para saber o que será possível melhorar".
A Hydro pagou, ainda sujeito a trâmites legais, o equivalente a US$ 4,9 bilhões pelas operações da Vale na cadeia do alumínio. Terá 91% da Alunorte, refinaria para 6,3 milhões de toneladas anuais de alumina, localizada em Barcarena (PA), 51% da Albrás, fábrica de alumínio contígua à Alunorte, o controle da mina de bauxita de Paragominas, com capacidade operacional de 9,9 milhões de toneladas, devendo atingir 15 milhões para suprir o projeto CAP.
A CAP, sigla provisória de Companhia de Alumina do Pará, também em Barcarena, tem início de produção previsto para 2011, devendo atingir o pico entre 2015 e 2017, conforme projeto original. O investimento estimado é de US$ 2,2 bilhões.
A Hydro, terceira maior fornecedora de alumínio do mundo, já era dona de 20% do projeto e passou a deter 81%. Na Alunorte, já controlava 34%. A Vale receberá US$ 1,1 bilhão em dinheiro e ficará com 22% do capital votante da Hydro, cabendo à empresa nórdica a assunção de uma dívida de US$ 700 milhões. A companhia norueguesa também detém 5% da Mineração Rio do Norte, produtora de bauxita, da qual pode retirar um take correspondente de produção.
O executivo norueguês disse que os números do primeiro trimestre deste ano apontam para um crescimento de 10% a 12% no mercado mundial de alumínio em 2010, na comparação com o ano passado. Segundo ele, "os clientes estão voltando" após a crise, mas ainda há riscos no ar (por exemplo, a Grécia). Ele admitiu a possibilidade de um recrudescimento da crise de 2008/2009 a partir dos fatos atuais na Europa, mas ressalvou: "Não é o que estamos esperando, embora haja (o risco)".
Fonte: Valor Econômico/Chico Santos, do Rio
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