Um estudo inédito divulgado nesta quarta-feira, 8 de junho, durante a 7ª Conferência Global Anual sobre Eficiência Energética, promovida pela Agência Internacional de Energia (AIE), mostrou que melhorar a eficiência energética de 2% para 4% ao ano ao longo desta década poderia ajudar a atender as metas de zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050 com potencial para evitar cerca de 95 exajoule (EJ) por ano de energia, o equivalente ao atual consumo de energia da China.
Intitulado “O valor da ação urgente em eficiência energética” (The value of urgent action on energy efficiency, em inglês), o relatório aponta que neste cenário de alta eficiência, a demanda de energia poderia ser cerca de 5% menor até 2030, atendendo a uma economia 40% maior.
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Entretanto, alcançar esta meta depende de um impulso global e medidas relacionadas à demanda de energia evitada, como eletrificação, mudança de comportamento, digitalização e eficiência de materiais na indústria.
O documento aponta que esta ação poderia reduzir as emissões de dióxido de carbono em mais 5 bilhões de toneladas por ano até 2030, em comparação com as políticas atuais. Isso é cerca de um terço da redução total de emissões necessária nesta década até 2050.
“Sem adicionar nenhuma tecnologia inovadora, os países poderiam adotar boas práticas de eficiência que podem economizar o equivalente à atual demanda energética da China. A eficiência energética é uma solução crítica para muitos dos desafios mais urgentes do mundo e pode simultaneamente tornar nosso fornecimento de energia mais acessível, mais seguro e mais sustentável”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.
Essa mudança no esforço global incluiria fornecer, por exemplo, cozinha e aquecimento limpos e eficientes para as populações mais pobres e poderia evitar a demanda de mais de 20 EJ para o uso tradicional de biomassa – como madeira e carvão vegetal – em 2030 em comparação com as políticas atuais, melhorando drasticamente a vida de bilhões de pessoas.
Nos cálculos da AIE, a economia de energia contribuiria para reduzir as contas de energia domésticas em pelo menos US$ 650 bilhões por ano até 2030 em comparação com as políticas atuais.
Na avaliação do ministro do Clima, Energia e Serviços Públicos da Dinamarca, Dan Jørgensen, não é mais uma questão de se devemos implementar soluções e tecnologias mais eficientes em termos de energia globalmente, é uma questão de como vamos fazer isso. “Ao aumentar a nossa eficiência energética, podemos reduzir completamente a nossa dependência do petróleo e do gás russos e aproximarmo-nos da neutralidade climática”.
A economia de energia é um pilar fundamental do Brasil, que em 2021 passou pela pior crise hidroenergética dos últimos 91 anos, mas também para a Europa, que quer se livrar dos combustíveis fósseis da Rússia e se comprometeu a tornar a eficiência energética uma prioridade global em sua estratégia de engajamento externo.
Fonte: Valor