País africano, que se ergue após guerra civil, praticamente não possui indústria e importa quase tudo o que consome
Um país em plena reconstrução após a Guerra Civil tornou-se o principal receptor de investimentos e exportações brasileiras na África. Mas, há ainda em Angola, país de 18 milhões de habitantes, situado na costa do sudoeste africano, um vasto leque de oportunidades a ser explorado por empresários cearenses. Como o país praticamente não possui indústria local, acaba tendo a necessidade de importar quase tudo o que consome, desde alimentos a veículos automotivos, passando por bens de uso pessoal, como vestuário e calçados. A capital, Luanda, é hoje um canteiro de obras. Nesse panorama, o Ceará pode se beneficiar por estar geograficamente situado mais próximo do continente africano.
O Brasil é atualmente o quarto fornecedor de Angola, atrás de Portugal, Estados Unidos e China. As empresas brasileiras fornecem aos angolanos produtos acabados, tecnologia e assessoria técnica, e buscam parcerias de negócios industriais e agropecuárias. Para algumas empresas, a internacionalização tem sido uma alternativa viável, tendo em vista os benefícios oferecidos pelo governo angolano. A proximidade física e cultural com o Brasil também potencializa o aproveitamento de oportunidades.
Segundo Adalberto Schiehll, gestor de projetos da Unidade de Imagem e Acesso aos Mercados, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), as portas estão abertas para esse estreitamento de relações econômicas e comerciais com o mercado angolano.
"Como o processo de paz só foi estabelecido em 2002, Angola ainda está se reorganizando. Por conta disso, identificamos algumas oportunidades naquele mercado, não apenas quando se trata de exportações, mas também, de serviços como o fornecimento de conhecimento. Além de exportação de produtos com alto valor agregado, os empresários cearenses podem passar a exportar máquinas, tecnologia, know-how. Se tornar sócio de empresas em Angola ou repassar tecnologia de como montar uma fábrica têxtil ou alimentícia são algumas opções", afirma Schiehll.
Ranking
João Ulisses Pimenta, analista da Unidade de Inteligência Comercial e autor de um estudo realizado pela Apex Brasil e que será exposto ao empresariado cearense, hoje a tarde, na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), informa que, em 2009, Angola ocupou a 29ª colocação no ranking de países-destino das exportações brasileiras. O Ceará, com US$ 14,1 milhões embarcados, respondeu por 1,1% das exportações brasileiras para o país africano, que totalizaram US$ 1,3 bilhão.
O analista da Apex-Brasil observa que há potencial para se ganhar posições, uma vez que antes da crise financeira internacional chegou a ser 23º. "O PIB (Produto Interno Bruto) angolano vem crescendo anualmente acima de 10%, em função de sua reconstrução. Uma coisa interessante é que o Brasil já exporta mais para Angola do que para Austrália, Canadá e a própria África do Sul", ressalta. "O Ceará tem várias consultorias trabalhando na estruturação do banco de desenvolvimento de Angola", completa Pimenta.
Pesquisa da Apex-Brasil sobre mais de 50 setores da economia angolana será apresentada hoje em evento na Fiec. A entidade também articula uma missão empresarial que irá ao país africano em julho participar da Feira Internacional de Luanda (Filda), evento que ocorrerá na capital angolana.
A previsão é que 30 empresários de todo o Brasil integrem a comitiva que visitará a feira para conhecer melhor o mercado de Angola e para avaliar as possibilidades de exportação. Segundo o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN/CE), Eduardo Bezerra, o desafio é ampliar as relações comerciais ainda incipientes entre o Ceará o país africano.
Fonte: LÍVIA BARREIRA
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