Ainda que o mercado de açúcar esteja neste momento com um viés de baixa para o próximo ano - reflexo de uma provável produção maior em nível mundial -, os grupos sucroalcooleiros instalados no Brasil estão otimistas com as oportunidades no mercado de etanol. A avaliação do presidente da Associação Internacional de Comércio de Etanol (IETHA), Tarcilo Rodrigues, é de que o mercado potencial importador de etanol do Centro-Sul do Brasil é de 2,5 bilhões de litros no ano-safra 2012/13.
Na atual temporada, a 2011/12, as exportações de etanol estão estimadas em 1,64 bilhão de litros, segundo a Datagro, e a importação, em 1,66 bilhão de litros.
Dos 2,5 bilhões previstos, 500 milhões de litros devem seguir para a Ásia, outros 300 milhões de litros, para outros destinos, e o principal volume, 1,7 bilhão de litros, deve ser embarcado aos EUA para atender as cotas obrigatórias do país de usar etanol avançado, categoria na qual apenas o etanol de cana do Brasil se encaixa.
Neste ano, explica Rodrigues, também diretor da comercializadora Bioagência, a cota de uso obrigatório de etanol avançado dos Estados Unidos foi de cerca de 600 milhões de litros. Em 2012, esse volume vai mais que duplicar, para 1,7 bilhão de litros.
Por ser considerado avançado - emite 50% menos gases de efeito estufa que a gasolina, segundo a agência de proteção ambiental americana (EPA, na sigla em inglês) - o etanol de cana tem mais valor no mercado. Durante a atual safra, os prêmios pagos pelo produto mais que dobraram, de US$ 0,50 por galão (3,7 litros) para US$ 1,28, retornando mais recentemente para níveis de US$ 0,80.
"Tivemos um bom retorno financeiro nessa operação", afirmou Pedro Mizutani, vice-presidente de Açúcar e Etanol da Raízen, a maior empresa sucroalcooleira do país, formada a partir da joint venture da Cosan com a Shell.
Ele disse que a empresa deve concluir a exportação de 200 milhões de litros no atual ciclo, o equivalente a 10% de sua produção. A companhia também fez o caminho inverso: importou em torno de 200 milhões de litros, informou Mizutani. "Esse 'swap' foi lucrativo e, se o mercado permitir, vamos repetir a operação no ano que vem", acrescentou o executivo, que acredita que o Brasil irá exportar 2 bilhões a 3 bilhões de litros de etanol em 2012.
Sem detalhar razões, Mizutani disse não acreditar, no entanto, no fim da tarifa americana de importação de etanol (de 54 centavos de dólar por galão) já em 2012.
Até o momento, segundo Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), não há consenso no Congresso Americano para renovar o pacote (subsídios e tarifa), que expira automaticamente ao fim deste ano, o que traz certo otimismo ao setor.
De qualquer forma, disse Rodrigues, presidente do IETHA, a política americana permite importar etanol sem tarifa, desde que tenham sido exportados os mesmos volumes do biocombustível.
Segundo levantamento da Bioagência, atualmente, as usinas do Centro-Sul têm capacidade para produzir 10 bilhões de litros de anidro e, se a mistura na gasolina voltar a 25% em 2012, o país terá oferta de 2 bilhões para exportar.
Fonte: Valor Econômico/ Fabiana Batista | De São Paulo
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