Os trabalhadores estão passando fome, os equipamentos caindo aos pedaços e a produção de petróleo da estatal venezuelana PDVSA segue definhando. No entanto, as aulas de ioga, violão e dança continuam sendo oferecidas pela empresa.
O braço cultural da estatal oferece esses workshps a todos os funcionários, além de oficinas sobre como operar um negócio socialmente responsável. O centro, administrado pela esposa do ministro do Petróleo, tem sede em La Estancia, uma plantação de café do século XVIII localizada em uma área arborizada de Caracas.
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O oásis exuberante de arquitetura colonial, onde bromélias brotam de troncos de árvores e pavões passeiam livremente, destaca a desconexão entre a elite burocrática da Venezuela e o resto do país. Embora as atividades de La Estancia sejam abertas a toda equipe da PDVSA, os funcionários frequentemente não têm o suficiente para comer.
Muitos trabalhadores da PDVSA se juntaram ao movimento de migração em massa para países vizinhos tentando escapar do pior desastre humanitário da história moderna da Venezuela, resultado de uma combinação de controle de preços, expropriações, má administração e corrupção.
O centro La Estancia também atende o público em geral, que enfrenta o colapso da moeda e a falta de serviços públicos, alimentos e combustível.
— A dor é sentida pelas pessoas, mas não pelas pessoas no topo — disse Russ Dallen, sócio-gerente da Caracas Capital Markets, com sede em Miami. — Se eles não estivessem no comando com mão de ferro, estariam na prisão. Eles têm acesso a dólares para poder viver uma vida boa enquanto o resto do país passa fome ou vai embora.
Sanções dos EUA
O governo Donald Trump impôs sanções à PDVSA em uma medida para restringir a principal fonte de receita da Venezuela e derrubar o regime de Nicolás Maduro. Embora a situação tenha tornado a estatal de petróleo inadimplente, a empresa consegue, de alguma forma, manter as atividades do centro La Estancia em Caracas, bem como em outros três locais.
O colapso da PDVSA ocorreu sob o comando de Manuel Quevedo, ex-ministro da Habitação e general ativo que não tinha experiência na indústria do petróleo quando assumiu o cargo há dois anos. Quevedo também é ministro do Petróleo, bem como o atual presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
Sua mulher, Mary, assumiu seu papel na La Estancia - tradicionalmente administrada pelo cônjuge do presidente da PDVSA. Ela também foi vista com o marido em viagens a Viena para reuniões da Opep.
Um porta-voz da PDVSA disse que a empresa não comentaria sobre as atividades da La Estancia. Um funcionário da imprensa do centro cultural não atendeu a um pedido de entrevista com Mary Quevedo.
Fonte: O Globo