A operação brasileira da seguradora alemã Allianz quase triplicou de tamanho nos últimos cinco anos. Dos ? 388 milhões em faturamento em 2005, a companhia saltou para ? 1,1 bilhão no ano passado. O desafio, agora, é dobrar de tamanho nos próximos três anos. A meta foi dada pessoalmente por Enrico Tomaso Cucchiani, membro do conselho de administração e responsável pelas operações do Sul da Europa e da América do Sul do Grupo Allianz, aos funcionários da seguradora no Brasil. Sediado na Alemanha, o executivo esteve em visita ao país na última quinta-feira.
Logo pela manhã, ele esteve reunido com 120 funcionários da companhia e ouviu a pergunta que o mercado também costuma fazer: se a Allianz planeja adquirir alguma seguradora local. Após a onda de compras e parcerias que atingiu o mercado nos últimos tempos (a última foi a associação entre a Zurich e o Santander na América Latina), a dúvida é mais que natural. Segundo Cucchiani, o crescimento da companhia não depende de aquisições. Ainda assim, ele está atento ao mercado. "Vamos preservar nossa posição (de seguradora independente) e esperar." Esperar boas oportunidades, que, segundo o executivo, podem vir junto com as novas regras de Solvência II, já avançadas na Europa e em discussão pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) no Brasil. Ele se refere a seguradoras que podem vir a precisar de mais capital, o que pode gerar uma nova onda de consolidação. "O mercado está sempre se reconfigurando", diz.
Com o cenário mundial econômico e financeiro instável, porém, é melhor que a Susep não lance novas regras de solvência neste momento, avalia Cucchiani. "No ciclo negativo da economia seria o mesmo que jogar gasolina no fogo", avalia.
Formado em economia, Cucchiani explica o crescimento do mercado brasileiro de seguros a partir da análise macroeconômica. Para isso, ele divide o mundo em duas partes. Os países do "velho mundo", em dificuldades financeiras e alto nível de desemprego. E o "novo mundo" - onde inclui Ásia, Brasil, Austrália e os países produtores de petróleo -, com forte ritmo de crescimento. "O Brasil é um país estável e o setor de seguros no país vai crescer por duas razões. Um, porque a economia está crescendo, o que gera mais bens para serem segurados. Dois, por conta do baixo nível de penetração de seguros na população", avalia o italiano. A meta da Allianz Brasil, porém, é avançar mais que o mercado. Nos últimos cinco anos, o avanço foi de em média 18% ao ano, enquanto o mercado também cresceu a dois dígitos, mas numa média de 10%.
O crescimento orgânico, pelo jeito, é a tônica que tem sido dada não apenas para a operação brasileira. "Já temos uma posição significativa em muitos países", diz. Segundo Cucchiani, o grupo atua em 70 países, sendo que, em 32 deles, figura entre os "top five" do mercado segurador. No Brasil, a seguradora está entre as cinco primeiras em alguns segmentos de atuação - como o de danos materiais -, mas não no ranking geral, que é dominado pelos grandes bancos.
Um movimento feito pelo grupo é a compra de participação dos sócios minoritários para ter 100% do controle das operações. Fez isso recentemente na França, Itália e Brasil, onde comprou por R$ 109 milhões a participação de 14% do Itaú Unibanco na subsidiária brasileira no final de 2009.
Também responsável pelas operações de alguns países europeus (Bélgica, Espanha, França, Grécia, Holanda, Itália, Portugal e Turquia), Cucchiani conta que apesar de alguns países estarem mal, as operações da Allianz vão bem. "Em 2010, tivemos lucro e apresentamos um crescimento acima do mercado na Grécia, Espanha e Portugal", diz. Para se ter uma ideia, as duas regiões sob a alçada de Cucchiani (sul da Europa e América do Sul) respondem por 35% do faturamento global da Allianz, que em 2010 foi de ? 105 bilhões. América do Sul isoladamente representa 2% das receitas.
Além de seguradora, lá fora a Allianz também é conhecida por sua atuação como gestora de recursos de terceiros. "Temos ? 1,5 trilhão sob gestão. É maior que o PIB brasileiro", compara Cucchiani. Segundo o italiano, porém, não há planos de trazer esse braço de negócios para o Brasil, por enquanto. "Nosso foco é desenvolver os negócios de seguros."
Fonte:Valor Econômico/Thais Folego | De São Paulo
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