Insatisfeitos com os reajustes oferecidos pelas empresas nas negociações salariais, metalúrgicos gaúchos com data-base em 1º de maio ameaçam parar a partir de segunda-feira. Os sindicatos de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Sapiranga, na região metropolitana, ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), decretaram estado de greve em assembleias nesta semana, quando os associados recusaram as propostas de ganho real inferiores aos de 2010, e já notificaram as indústrias.
Em Porto Alegre, o sindicato pode parar algumas fábricas a partir de terça-feira, disse o diretor Ademir Bueno. Segundo ele, na última reunião o sindicato estadual das indústrias do setor, aumentou a oferta de 8% em duas parcelas para 8,5% em uma vez, mas o índice segue muito abaixo da reivindicação de 14,27%, correspondente aos 7,5% de alta do PIB em 2010 mais o INPC de 6,3% em 12 meses.
O Valor entrou em contato com o sindicato das indústrias, mas não houve resposta ao pedido de entrevista. O reajuste oferecido corresponde a um aumento real de 2,06%, ante os 2,37% obtidos pelos metalúrgicos em 2010 e os 2,53% de 2009. Conforme Bueno, os trabalhadores estão propensos a parar porque, apesar das notícias sobre a desaceleração da economia, o ritmo de trabalho nas fábricas é intenso, com muitas horas extras e falta de mão de obra qualificada.
Em Sapiranga, que concentra 3 mil metalúrgicos em indústrias de componentes para calçados e outros segmentos, como fundição, o sindicato pretende iniciar a greve já na segunda, diz o presidente Mauri Schorn. Segundo ele, a reivindicação também foi de 14,27%, mas o sindicato patronal ofereceu apenas 8% em duas vezes (7% a partir de maio e 1% em junho), um ganho real de 1,6%.
Em Novo Hamburgo, a oferta foi de 7,25%, o equivalente a 0,9% de aumento real (ante 2,37% em 2010). "O emprego cresce e as empresas querem frear os ganhos dos trabalhadores", disse o presidente do sindicato local, Lauro do Amaral. A entidade também pediu 14,27% e, antes de partir para a greve, deve promover paradas diárias de uma ou duas horas. O Valor entrou em contato com o sindicato das indústrias de São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapiranga, mas nenhum diretor estava disponível para entrevista.
Fonte:Valor Econômico/Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
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