A sustentabilidade nos negócios assume novas dimensões. Não é possível operar um projeto mineral sem considerar água, emissão de CO2, preservação ambiental e responsabilidade social.
Para fazer frente a isso, as mineradoras investem crescentemente em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (P,D&I).
Essa é a conclusão do recente 2º Congresso Brasileiro de Mineração, encerrado no dia 25 de novembro em Belém (PA), com especialistas de vários países.
No Brasil, as grandes mineradoras aplicam cerca de 0,5% de seu faturamento anual em P,D&I.
Embora esse volume permita um bom desempenho à mineração, ele poderia ser maior, de modo a elevar ainda mais a produtividade e a competitividade e, portanto, os reflexos positivos sobre o valor da produção.
No caminho, há os obstáculos da realidade brasileira: alta carga tributária, infraestrutura e mão de obra insuficientes, burocracia, restrições a atividades produtivas ainda que sustentáveis em áreas protegidas, falta de mapeamento geológico em cerca de 70% do território nacional, bem como o alto custo do frete para o transporte dos bens minerais exportados.
Além de ganhos à produção, o investimento em tecnologia promove o aprimoramento da saúde e a segurança no trabalho, das iniciativas de responsabilidade social e de preservação e conservação ambiental, fatores que, se não considerados, podem inviabilizar um projeto mineral.
Assim, tecnologias resultantes de P,D&I, de cunho social e ambiental, são aplicadas ao planejamento mineral, de modo a dotar as comunidades de instrumentos para buscar o desenvolvimento socioeconômico após o encerramento dos projetos. É com P,D&I que a maior operação de minério de ferro da Vale, em Carajás (PA), dobrará de produção.
Será a primeira em larga escala, no mundo, de minério de ferro sem usar caminhões, ou seja, menor custo e menor impacto ambiental, diminuição drástica da emissão de CO2.
É um exemplo dos resultados alcançados pelos investimentos em P,D&I, que envolvem capacitação de fornecedores e de técnicos, formação e contratação de doutores, promoção de ensino à distância através de instituições de renome internacional e para estimular diretamente a pesquisa nacional.
Embora o Estado disponibilize alguns mecanismos de fomento em P,D&I, as empresas recorrem majoritariamente a seus recursos e firmam parcerias com universidades e com centros de pesquisas -alguns mantidos por mineradoras como a Ferrous, a Samarco e a Vale, entre outras.
O esforço privado é para evitar uma "atrofia inovadora", expressão bem utilizada em editorial pela Folha, em 12 de novembro, para expressar as constatações do relatório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) sobre ciência.
Fonte:Folha de São Paulo/PAULO CAMILLO VARGAS PENNA é diretor-presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
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