Achatados pela perda de ritmo da siderurgia chinesa e pela valorização do dólar, os preços do minério de ferro se aproximam novamente da marca de US$ 50 por tonelada, depois de em abril tocarem os US$ 70. Ontem, a cotação fechou em US$ 52,70 no porto de Qingdao, na China, queda de 5,4%, segundo a "Metal Bulletin". Em maio, o recuo é de 20,4%.
O patamar é o pior em mais de dois meses e confirma a instabilidade da commodity durante o mês. Chegando ao fim o período sazonalmente mais forte da produção de aço na China, maior consumidora de minério de ferro no mundo, a cotação da matéria-prima reage negativamente ao potencial de menor demanda.
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Dentre os fatores que derrubaram o minério, está a produção siderúrgica mundial. De acordo com a Worldsteel Association, entidade que reúne dados dos 66 maiores países em produção de aço, foram fabricadas 134,9 milhões de toneladas de aço bruto em abril, 0,5% a menos em comparação anual. Na China, o crescimento sobre o mesmo mês do ano passado foi de 0,5%, para 69,4 milhões de toneladas, mas ante março houve um recuo de 1,7%.
O banco alemão Commerzbank escreve que todas as commodities metálicas vão seguir mostrando seu lado fraco, na espera de dados chineses melhores. A instituição crê que a matéria-prima termine o ano em US$ 48. Para a Capital Economics, o minério ainda cai para US$ 45 até dezembro deste ano.
A atividade de usinas arrefeceu no mês passado, em parte, porque os preços do aço também diminuíram. A bobina a quente, por exemplo - referência do mercado mundial - chegou a ser vendida a US$ 480 por tonelada na China no pico de 2016, mas já se aproxima do patamar de US$ 340. Produtoras locais devem voltar a operar no vermelho.
Caroline Bain, analista da Capital Economics, afirma que a cotação da bobina provavelmente cairá mais em 2016. Isso mina a rentabilidade dos fabricantes e, em certa medida, enfraquece a demanda pelo minério de ferro.
Para aumentar a pressão sobre a commodity, os estoques em portos ultrapassaram os 100 milhões de toneladas na semana passada na China. Analistas apostam que clientes já vão começar a preferir comprar desse armazenamento do que as importações que chegam principalmente de Austrália e Brasil.
Soma-se a esse cenário a valorização recente do dólar, depois que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, sinalizou que a alta dos juros no país está próxima. A corrida para ativos americanos, especialmente títulos do Tesouro local, impulsionou a moeda americana e ajudou a segurar o preço de todas as commodities dolarizadas.
No acumulado de 2016, mesmo com as quedas recentes, o minério segue em alta de 21%.
Fonte: Valor Econômico/Renato Rostás | De São Paulo