O mês de maio trouxe como destaques entre as commodities industriais a perda de força para o minério de ferro e a continuidade da alta do petróleo, mesmo que em desaceleração. Os metais não ferrosos também sofreram queda, com alguns, como o zinco, mantendo boas perspectivas para o restante do ano.
O minério de ferro com pureza de 62% encerrou o mês cotado em US$ 49,60 por tonelada no porto chinês de Tianjin, segundo a "The Steel Index". O recuo mensal foi de 23,9%, apesar de no acumulado de 2016 o insumo ainda ostentar alta de 15,6%.
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A baixa contrasta com abril, quando a commodity registrou valorização de 22,6%, em meio ao ganho de rentabilidade das siderúrgicas da China por conta dos maiores preços do aço local. A produção foi elevada na época, mas já começa a arrefecer por conta do aço mais barato. A cotação da bobina a quente, por exemplo, já se aproxima do mesmo nível em que terminou 2015.
No segundo semestre, escreve o BTG Pactual em relatório, a pressão sobre o minério provavelmente será muito elevada. Está marcado para a metade final do ano o início de produção dos projetos Roy Hill, na Austrália, e S11D da Vale, no Pará - o maior do mundo. A perda de margem recente das usinas chinesas também deve reduzir a demanda e abalar ainda mais o equilíbrio do mercado, diz o banco.
A perda de força do setor de aço na China ajudou a derrubar sua principal matéria-prima em 27,8% desde o pico recente, de US$ 68,70, no fim de abril.
No caso do petróleo, o movimento foi positivo. Os investidores se animam com a menor atividade nos Estados Unidos - que levou a uma queda não esperada nos estoques -, a paradas pontuais na Nigéria e no Canadá, principalmente, e agora viram os holofotes para a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que vai ocorrer amanhã.
O Brent com vencimento em julho fechou a US$ 49,67 o barril na ICE Futures de Londres, após ultrapassar US$ 50 durante o mês, uma alta de 3,2% em maio. Já o WTI avançou 6,7%, para US$ 49,10, em Nova York.
Analistas, contudo, acreditam que o déficit esperado no mercado pode diminuir no segundo semestre por conta da alta na cotação. Algumas produtoras americanas podem voltar a produzir a patamares acima de US$ 50 e a expectativa é que no mínimo a exploração se estabilize como está atualmente, em vez de seguir em queda.
"A commodity ensaiou uma recuperação similar no começo de 2015, mas despencou logo depois", alerta a Capital Economics.
Dentre os metais não ferrosos, o mês foi de queda. Analistas atribuem o desempenho a um movimento de retirada dos investidores de suas posições financeiras nessas commodities, se aproveitando da valorização anterior para realizar lucros, e também a estoques ainda muito altos dos produtos. Apesar disso, dados econômicos podem sustentar uma recuperação nos próximos meses.
Na Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês), os preços dos futuros de três meses do cobre caíram 7,8% para US$ 4.653 a tonelada em maio; o níquel recuou 10,8%, para US$ 8.440; e o alumínio perdeu 7,1%, terminando em US$ 1.555. O zinco teve a melhor performance, uma desvalorização de apenas 1%, para US$ 1.924.
O zinco é o metal com as melhores perspectivas. De acordo com o alemão Commerzbank, o insumo se aproxima das máximas em um ano, o volume armazenado já recuou para a menor quantidade de 2016 e as perspectivas são promissoras. A produção do mineral caiu drasticamente no primeiro trimestre fora da China e até no gigante asiático começou a arrefecer em abril. Os estoques no país chegaram a 320 mil toneladas, os menores do ano até agora.
Por outro lado, o níquel ainda esbarra na demora para o desligamento de unidades impactar a oferta. Paralisações como no Brasil, pela Votorantim Metais, não aliviam os preços por conta dos altos estoques, escreve a consultoria Capital Economics em relatório, afirmando também que espera que a demanda "reviva" neste ano.
Fonte:Valor Economico/Renato Rostás | De São Paulo