O minério de ferro intensificou sua deflação de 2,43% para 4,10% na passagem da primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de agosto para igual período de setembro, principal influência negativa sobre o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), cuja alta se arrefeceu de 1,73% para 0,75% em igual comparação. Mas a ajuda desse item para conter a alta dos IGPs não deve se estender.
Entre agosto e a medição atual o IGP-M cedeu de 1,21% para 0,59% no primeiro decêndio, com taxas menores nos produtos agropecuários (4,39% para 2%) e industriais (0,75% para 0,26%).
A economista Priscila Godoy, da Rosenberg & Associados, avalia que a taxa negativa do minério é reflexo dos sinais de desaceleração da economia chinesa, grande consumidora da commodity, efeito que se dissemina sobre outras cadeias de produtos industriais. Essa ajuda aos IGPs, no entanto, deve se reverter no médio prazo com o anúncio do governo chinês de um pacote de US$ 150 bilhões de investimentos em infraestrutura para os próximos anos, diz Priscila.
“O minério é muito suscetível às condições do cenário externo. Os preços quase atingiram níveis de baixa histórica nos mercados recentemente, mas o pacote de medidas pode reverter essa deflação nos IGPs”, afirmou. Com encomendas maiores, explica Priscila, a tendência é que as cotações aumentem, movimento que não é captado diretamente pelo indicador do atacado, mas com impacto defasado.
“Hoje o minério já está subindo no mercado. A tendência de deflação já acabou, mas isso não chega nos IGPs tão rapidamente. As cotações devem mudar de patamar no mercado em breve, o que será sentido nos indicadores de inflação até o fim do ano”, projeta a analista da Rosenberg. Para o fechamento de setembro, a economista aposta em alta entre 0,85% e 0,90% do IGP-M, ainda com queda no preço do minério.
Fonte: Valor / Arícia Martins
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