Em uma auditoria de rotina, há cerca de dois meses, o Ministério da Agricultura identificou que a Arantes Alimentos adulterou certificado sanitário para exportação de carne bovina à União Europeia. Após a descoberta, o frigorífico foi desabilitado para exportar ao bloco e cargas de carne que estavam a caminho dos mercados compradores tiveram de retornar. A UE foi informada sobre o problema pelo ministério brasileiro. Procurada, na sexta-feira, a Arantes Alimentos não retornou as ligações da reportagem.
Em decorrência do episódio, o Ministério da Agricultura decidiu fazer auditoria nos documentos de exportação de todas as empresas brasileiras que vendem para a União Europeia. De acordo com fontes do setor, o ministério não encontrou fraudes nos certificados dessas outras empresas.
A descoberta de adulteração nos certificados de exportação ocorre num momento delicado para o Brasil, já que a União Europeia enviará este mês uma missão técnica ao país para avaliar o sistema de defesa animal, que inclui a rastreabiliadade do gado. Atualmente apenas um número restrito de fazendas do país com animais certificados e rastreados pode fornecer bovinos para abate nos frigoríficos e exportação para o mercado europeu.
Para evitar qualquer medida dos europeus, o governo vai argumentar que só foi possível descobrir a fraude no certificado porque o sistema de auditoria é confiável.
Uma fonte do setor avalia que o episódio não deve prejudicar o Brasil ante a União Europeia. A razão, diz, é que a falsificação do certificado foi um caso isolado. Além disso, a fiscalização funcionou e o governo agiu rápido para evitar novas fraudes, afirma.
(Fonte: Valor Econômico/ Alda do Amaral Rocha e Mauro Zanatta, de São Paulo e Brasília)
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