A viagem é longa. Para ir do Acre à China, uma comitiva de 73 pessoas, entre elas empresários, políticos e profissionais autônomos, demorou mais de três dias - do dia 12 ao dia 15 - até aterrissar no destino final, a cidade Guangzhou, no sul da república chinesa. Foram aproximadamente nove horas só de deslocamento até São Paulo, onde esperaram um dia até pegar o avião que os deixou em Dubai na noite do dia seguinte. Após um pernoite na cidade dos Emirados Árabes Unidos, mais 12 horas e estavam na China.
O grupo acreano participou de sexta a domingo da Canton Fair, grande feira multissetorial de mercadorias para exportação, realizada duas vezes ao ano em Guangzhou. Com 5,7 milhões de habitantes, o município chinês tem oito vezes a população do Acre.
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Nesse território onde o superlativo é o padrão de suas características, a comitiva do Acre deseja " conhecer de perto os meios de potencializar nossos negócios " , nas palavras de João Francisco Salomão, presidente da Fieac, federação das indústrias do Estado. " É na China que estão concentradas as maiores oportunidades de lançar uma empresa no mercado internacional, tanto como importadora como exportadora. Pelo menos 20% das empresas que vão conseguem se inserir no mercado internacional. "
Há espaço de sobra para crescer. Dos US$ 16 milhões exportados pelo Acre em 2009, só 5% tiveram como destino a China. A indústria, por sua vez, representa apenas 15% da geração de riquezas no Acre, atrás de administração pública, com 34%, serviços (34%) e agropecuária (17%). Entre os representantes do setor, foram à China nesta comitiva empresários das áreas de construção, de embalagens, têxtil, biocombustível, cosméticos.
Salomão explica que não é só a indústria que está interessada. " Esta missão foi organizada pelo Sebrae e foram convidados empresários de todos os setores produtivos, indústria, comércio, agricultura, serviços, além de algumas autoridades " , diz. A comitiva conta com imobiliárias, escritórios de engenharia, de arquitetura, e empresas agropecuárias. Há também autoridades públicas. Entre nomes nacionalmente conhecidos estão o do senador Tião Viana (PT-AC), o vice-governador Carlos César Messias e o deputado federal Gladson Camelli (PP-AC).
Segundo o presidente da Fieac, há um interesse especial do ramo da construção nessa viagem, que importa produtos como porcelanatos, mas que todos os setores estão de olho na importação de maquinários. " A regra geral, porém, é ir à feira para se prospectar oportunidades e ficar por dentro do que há de novo em tecnologia. "
Outro objetivo da missão empresarial é conhecer uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), visita feita a Zhuhai, a 100 km de Guangzhou. O Acre tem expectativa de obter a instalação de uma ZPE em seu território, mas não está entre os próximos candidatos a ser analisados pelo Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior. Passados os compromissos, a partir de hoje, os cidadãos acreanos vão aproveitar três dias de turismo. Os passeios incluem visitas a Hong Kong, a Pequim, e à Grande Muralha.
Salomão avalia a viagem como uma grande oportunidade. " Ainda estamos bem atrasados em relação aos demais representantes da classe empresarial brasileira. Nossa intenção maior é diminuir essa defasagem em relação ao restante do país e do mundo em termos de tecnologia, de abertura de mercado e de visão de negócios " , conta.
Fonte: Valor Econômico/ Samantha Maia, de São Paulo
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