Um consórcio encabeçado pela Mitsubishi acertou o pagamento de € 4,1 bilhões pela concessionária de energia holandesa Eneco, em uma transação toda em dinheiro que superou as ofertas rivais da Royal Dutch Shell e do grupo de private equity KKR.
A privatização da Eneco, uma das maiores fornecedoras de gás natural e eletricidade da Holanda, despertou amplo interesse por causa de seu foco em projetos de energia com baixo teor de carbono e sua gama de serviços para uso doméstico, de termostatos inteligentes a dispositivos de carregamento de carros elétricos.
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Sob pressão de investidores e ativistas para reformular os negócios de forma a se adequar a um mundo em transição para o uso de combustíveis mais limpos, as empresas de petróleo têm procurado investir em novos empreendimentos capazes de funcionar junto com suas operações tradicionais.
A aquisição ainda precisa ser aprovada pelos 44 acionistas municipais da Eneco. Se passar, dará à maior empresa comercial do Japão uma participação de 80% no grupo holandês - sua parceira Chubu Electric Power ficará com os 20% restantes.
A compra da Eneco permitirá à Mitsubishi expandir seu know-how em energia renovável e sua presença na Europa, a partir de uma transação feita em fevereiro para adquirir, por 216 milhões de libras, uma participação de 20% na Ovo Energy, a concessionária de eletricidade do Reino Unido que tem crescido rapidamente.
“A Eneco se encaixa perfeitamente em nossas operações de energia atuais e nos fornece uma plataforma para crescer ainda mais no mercado europeu, no qual pretendemos ter uma posição de liderança na transição energética”, disse Takehiko Kakiuchi, executivo-chefe da Mitsubishi.
A Eneco informou que o “preço e a certeza quanto à transação” foram os fatores que levaram à escolha da Mitsubishi. Seus novos acionistas, com os quais já trabalharam no passado, “endossam” sua estratégia corporativa e vão proporcionar poder financeiro adicional para investir em projetos de energia sustentável.
A Mitsubishi fará um empréstimo de € 1 bilhão à Eneco, que poderá usá-lo a seu critério para financiar investimentos de longo prazo. Após a aquisição, o executivo-chefe da Eneco, Ruud Sondag, se demitirá do cargo e um novo diretor holandês será nomeado.
“A Eneco permanecerá intacta como uma empresa de energia holandesa integrada e independente”, disse Sondag. “Receberemos amplas oportunidades de expansão dentro e fora da Europa.”
Em um comunicado divulgado ontem, a Shell declarou estar decepcionada por ter perdido a disputa, mas enfatizou que continuaria a investir para aumentar a presença em geração de gás e eletricidade a partir de fontes renováveis.
Depois que a transação for concluída, a Mitsubishi também vai transferir mais de 400 megawatts de suas operações de energia eólica marítima para a Eneco, que é sua parceira em projetos de energia renovável desde 2012.
Empresas japonesas com dinheiro em caixa têm buscado ativos no exterior para crescer fora de seu mercado interno, hoje em declínio. Pouco antes do anúncio da transação da Eneco, a Asahi Kasei informou oferta de US$ 1,3 bilhão por 80% na farmacêutica dinamarquesa Veloxis.
Fonte: Valor