RIO DE JANEIRO - A MMX -mineradora do grupo de Eike Batista informou hoje, quarta-feira, que espera conseguir em junho a licença ambiental para a exploração da mina de Serra Azul, localizada no chamado Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais.
O presidente da companhia, Roger Downey, afirmou que, na mina de Pau de Vinho, a licença é uma "questão menos importante", já que será feito somente o licenciamento das operações.
"Não precisamos licença dos terminais ferroviários, plantas, esteiras, porque já temos a infraestrutura. É um processo mais simples", disse, em teleconferência realizada em inglês com analistas.
Na mina de Bom Sucesso, que também fica na região, a companhia já deu entrada no estudo e relatório de impacto ambiental (eia-rima), e espera ter o processo concluído dentro de dois meses.
"O licenciamento não é critico, nem é parte essência do projeto. Temos segurança com o licenciamento. As autoridades olham com bons olhos fazermos o licenciamento de forma consolidada, porque o impacto sobre a área será menor com o nosso projeto", afirmou Downey.
Tanto em Pau de Vinho como em Bom Sucesso, a expectativa é que ainda levem alguns meses para a finalização dos relatórios de engenharia dos projetos.
O financiamento para Serra Azul deve sair apenas no terceiro trimestre do ano, acredita o diretor Financeiro da MMX, Guilherme Escalhão. Ele afirmou que o projeto de financiamento será concluído apenas dentro de dois meses. A expectativa é ter tudo pronto para iniciar a construção no último trimestre do ano.
Já a construção do Porto Sudeste já está acontecendo. A expectativa é finalizar a construção assim que terminar o processo de aquisição do porto, e tentar concluir o financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A oferta pública de aquisição (OPA) das ações da PortX está próxima de terminar. Em 20 de maio se encerra o prazo de aceitação da OPA, e no mesmo dia acontece o leilão. No dia 23 de maio é o primeiro dia de negociação das novas ações da MMX emitidas e, em 25 de maio, é a liquidação do leilão da OPA. A primeira linha, com capacidade de 12,5 milhões de toneladas por ano, ficará pronta no terceiro trimestre de 2012, informou a companhia.
A capacidade do canal que leva ao porto é um dos motivos de preocupação da empresa. O presidente afirmou, durante a teleconferência, que não haverá espaço no canal para que todos os interessados possam expandir seus negócios. "Não vou dizer quem vai dar certo e quem não, mas não teremos canal suficiente para todos os projetos", afirmou.
O projeto de licenciamento do canal para uma capacidade de 100 milhões de toneladas por ano já foi apresentado à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
"Estamos na liderança do jogo aqui. Se realmente o canal se tornar um obstáculo, ou um gargalo nessa área, pode ser expandido. É sempre uma possibilidade. Seria um investimento significativo. Ele não pode ser aprofundado, mas pode ser um pouco alargado. A autoridade portuária vai nos dizer o que fazer. Mas isso depende também de demanda", afirmou.
A MMX encontra outro problema relacionado à demanda. O cronograma de Corumbá está adiantado e, com isso, acabou sendo formado um estoque, devido à dificuldade de venda do produto. O presidente afirmou estar tentando encontrar clientes para esse minério de ferro.
"A gente sempre se defronta com a dificuldade, desafios logísticos. Isso nos leva a reduzir a produção, senão conseguirmos reduzir esses problemas. Não conseguimos vender porque temos contrato de longo prazo com uma usina, que passou por dificuldades operacionais e não conseguiu absorver os volumes e ficamos com excesso de estoques por conta disso", disse.
No Porto do Sudeste, a empresa também conta com algum nível de estoques. Mas, nesse caso, são basicamente materiais que precisarão ser processados antes de serem vendidos.
"Estamos tentando recuperar nossas vendas, mas ainda não chegamos nesse estágio. O custo é muito caro de vendermos materiais que não atendem às especificações. Temos que processar o material para podermos vendê-lo", explicou Downey.
(Fonte: Valor Online/Juliana Ennes)
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