A MMX, empresa de mineração do empresário Eike Batista, está em fase avançada de negociações para venda do controle acionário. São três grupos de investidores interessados: tradings, mineradoras e fundos de investimento estrangeiros. No total, cerca de 15 empresas visitaram a sala virtual na qual estão disponíveis as informações da companhia. Mas o processo se afunilou desde que Batista anunciou, em maio, a disposição de reduzir sua participação acionária na empresa e encontrar novos sócios para o negócio.
Há um leque de possibilidades de venda sobre a mesa, mas a transação, seja com quem for, deve levar a uma operação de aumento de capital da MMX. A empresa tem insistido que não é de seu interesse vender o porto Sudeste, na região metropolitana do Rio, separadamente dos demais ativos da companhia. Mas dependendo de quem for o comprador, o interesse na MMX varia. As tradings tendem a olhar o porto Sudeste como alavanca para a exportação de minério de ferro e não estão muito preocupadas com o lado da produção, na mina, uma vez que podem comprar o produto no mercado, de terceiros. Mas para mineradores a produção de minério da MMX, via expansão do projeto Serra Azul, ainda pode interessar.
"Um minerador pode olhar [a expansão de Serra Azul] com bons olhos porque a margem da mineração é maior, porque a empresa [MMX] tem projeto logístico integrado pronto e porque dispõe de porto", disse ao Valor Carlos Gonzalez, presidente da MMX. Ontem, em teleconferência, o executivo afirmou que a expansão de Serra Azul não foi abandonada: "É um projeto necessário e vai ocorrer."
A definição de como a expansão seria feita terá de aguardar a entrada do novo sócio em um trabalho no qual a MMX está sendo assessorada pelos bancos BTG Pactual e Bradesco. Não há prazos para concluir o negócio, embora no mercado exista a expectativa de que a transação poderia ser fechada até o fim do mês. Os riscos para o projeto de mineração da MMX devem ser usados pelos compradores, no entanto, como forma de depreciar o preço do ativo na negociação. A MMX ainda não conseguiu a licença de instalação para a barragem de rejeitos da expansão de Serra Azul e já comprou equipamentos para a usina de beneficiamento. Na negociação, esses equipamentos podem terminar saindo de graça para o comprador.
Outro ponto pendente de definição até a entrada do novo sócio será a conclusão do plano de negócios. Como resultado dessa indefinição, está suspenso o pedido de financiamento de R$ 3 bilhões que a MMX pleiteou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a expansão de Serra Azul. Gonzalez disse que uma possibilidade seria fazer a expansão em fases. Hoje, a MMX tem duas cavas na Serra Azul do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais que produzem 7 milhões de toneladas de minério por ano com teor de 54% de ferro. Esse minério, tipo friável (mais fácil de ser explorado), tem reservas que se esgotam até 2018.
A empresa tem tempo, portanto, segundo Gonzalez, para tomar a decisão sobre o investimento na unidade de beneficiamento para processar o chamado itabirito compacto (mais difícil de ser explorado), com teor de ferro de 36%. É com esse produto que se daria a expansão de Serra Azul para um patamar de até 29 milhões de toneladas por ano, de acordo com o projeto original da MMX. Hoje, há indicações que essa expansão poderia se dar por etapas começando com uma capacidade menor.
Gonzalez confirmou ainda que o porto Sudeste deve fazer o primeiro embarque de minério de ferro no fim do ano. A MMX investiu mais de R$ 3 bilhões no porto e a estrutura financeira para a arrancada do terminal, com capacidade de 12,5 milhões de toneladas anuais na primeira fase, está equacionada.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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