Os cerca de 200 motoristas que trabalham para a Petrobras nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) decidiram entrar em greve no próximo dia 1ª caso até lá não tenham sido reajustados salarialmente. Eles reivindicam receber os mesmos vencimentos que os motoristas a serviço da petroleira na cidade de Macaé (RJ), base da exploração petrolífera na Bacia de Campos.
Terceirizados, os motoristas trabalham para a empresa particular Veloz Transrio, sediada na zona norte carioca. Eles recebem em torno de R$ 900 mensais. Querem passar para R$ 1.300, como os colegas lotados nas unidades macaenses.
A possível deflagração da greve incomoda bastante a Petrobras, que considerava superados os problemas, pelo menos até o final deste ano, relacionados às paralisações do trabalho no empreendimento, um dos maiores em curso.
Os gastos do Comperj passam por auditoria determinada pela presidente Graça Foster. A nova previsão de entrada em funcionamento da refinaria é abril de 2015, com atraso de quatro anos em relação ao planejado inicialmente.
De novembro do ano passado a maio deste ano as obras do complexo, na cidade de Itaboraí (Região Metropolitana do Rio), ficaram paradas um total de 85 dias, por causa de greves gerais deflagradas pelos cerca de 15 mil trabalhadores envolvidos na construção.
O acordo firmado entre a Petrobrás e o sindicato dos trabalhadores da construção civil que representa os profissionais do Comperj estipulava que, em troca do reajuste e de benefícios negociados, não haveria greve até 31 de dezembro deste ano. Só que os motoristas não foram contemplados pelo acordo.
A greve da categoria deveria ter começado no último dia 15, mas as partes envolvidas nas tentativas de acerto firmaram uma espécie de trégua, que deverá ser derrubada no último dia do mês caso os salários não tenham reajuste.
Além do aumento, os motoristas exigem que a Veloz e a Petrobras retirem do Comperj seguranças particulares que os estariam ameaçando. Esses seguranças são contratados da Veloz, disse o diretor Emanuel Cancella, do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio.
"Há muitas ameaças. Três motoristas já foram demitidos por causa das reivindicações. Um outro, acossado pelos seguranças, sentiu-se tão ameaçado que urinou nas próprias calças, tornando-se objeto de pilhéria dentro do canteiro de obras", afirmou o sindicalista.
Procurado pelo Estado, o gerente Luiz Figueiredo, da Veloz, não quis dar entrevista. Sua secretária, que identificou-se como Tatiana, desprezou a possibilidade de paralisação. "Greve? No Comperj sempre estão ameaçando entrar em greve", falou ela por telefone.
Em nota, a Petrobras informou que "desconhece e repudia ameaças de qualquer natureza em suas instalações". A empresa prometeu "procurar a Veloz para esclarecimentos". Disse ainda que "não tem ingerência sobre os salários dos empregados da Veloz".
"A Petrobras paga a prestação de serviços à Veloz, sendo os salários negociados e pagos pela Veloz a seus empregados. A Petrobras fiscaliza a qualidade dos serviços e o cumprimento das obrigações legais", diz a nota.
Os motoristas da Veloz são empregados basicamente na condução do pessoal que se desloca dentro da obra, que ocorre em terreno de 45 milhões de metros quadrados, o equivalente a 6.000 campos de futebol profissional. A maior parte deles dirige caminhonetes e outros veículos utilitários.
Fonte: O Estado de S.Paulo / Sergio Torres
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