O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, reconheceu nesta quarta (8) que a estatal não teve um bom desempenho no primeiro trimestre de 2019, mas disse esperar que os "melhores momentos estão por vir". O lucro da companhia caiu 42% na comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 4 bilhões.
"Não foi um trimestre brilhante, tenho que reconhecer isso", afirmou Castello Branco em teleconferência com analistas. Segundo ele, a Petrobras teve problemas no período, principalmente relacionados à produção de petróleo, que caiu 5%, para cerca de 2,5 milhões de barris de petróleo e gás por dia.
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De acordo com a empresa, a redução foi provocada pela venda de ativos no segmento e por paradas para manutenção em plataformas. Ainda assim, disse o diretor de exploração e produção, Carlos Alberto Pereira Oliveira, a meta de atingir 2,8 milhões de barris até o fim do ano.
Para isso, conta com o crescimento da produção em sete plataformas que entraram em operação nos últimos meses. Segundo Oliveira, as paradas para manutenção foram concentradas no primeiro trimestre e não deverão ter grande impacto adicional nos resultados ao longo do ano.
No primeiro trimestre, a empresa já não contabilizou parte da produção do campo de Roncador, na Bacia de Campos, já que 25% do projeto foi vendido à norueguesa Equinor. Além disso, sua produção internacional foi reduzida em virtude da venda de 80% das operações nos Estados Unidos à americana Murphy Oil.
Com menor produção e preços do petróleo mais baixos do que no primeiro trimestre de 2018, o lucro da área de exploração e produção da empresa caiu 12%, para R$ 10,1 bilhão. Oliveira disse, porém, que a produção já se recuperou e atingiu a média de 2,7 milhões de barris por dia nos últimos dez dias.
A companhia também teve desempenho pior na área de refino, que é responsável pela produção e venda de combustíveis –queda de 38% no lucro, para R$ 1,9 bilhão– com menor margem nas exportações dos produtos. No mercado interno, a companhia viu suas vendas crescerem 5%.
Foi o primeiro balanço da petroleira após a mudança de regras contábeis determinada pela norma IFRS 16, que determina a contabilização, como ativos, de contratos de arrendamento de equipamentos, cujos custos passam também a contar como passivos da empresa.
Com grande número de plataformas alugadas, a Petrobras viu sua dívida aumentar em R$ 103,4 bilhões, para R$ 372,2 bilhões. A relação entre dívida e Ebitda (indicador que mede a capacidade de geração de caixa) subiu para 3,19 vezes –seria 2,37 vezes sem os efeitos da mudança.
Apesar do aumento, a diretora financeira da companhia, Andrea Marques de Almeida, disse que, a empresa mantém sua meta de redução do endividamento, que chegar a menos de 1,5 vez em 2020. Castello Branco afirmou que a companhia trabalha para recuperar o selo de bom pagador junto a classificadoras de risco, perdido em 2015.
Nesse sentido, a companhia incluiu em lista de ativos à venda oito de suas 13 refinarias e a rede de postos no Uruguai. Além disso, estuda reduzir sua participação na BR Distribuidora dos atuais 81,25% para menos da metade.
Em 2019, a Petrobras fechou operações de vendas de ativos no valor de US$ 11,3 bilhões (cerca de 44 bilhões, pela cotação atual). A maior operação envolveu a malha de gasodutos das regiões Norte e Nordeste, vendida a consórcio liderado pela francesa Engie por US$ 8,6 bilhões.
Castello Branco destacou ainda programa de redução de custos, que inclui a desativação de escritórios em São Paulo, Rio, Nova York e Tóquio, por exemplo, e um plano de demissão incentivada para empregados em idade para se aposentar.
"Esperamos voltar no próximo trimestre com melhores resultados. A busca contínua de geração de valor é um compromisso da companhia e acredito firmemente que os melhores momentos estão por vir", concluiu o executivo.
Fonte: Folha SP