A Ocyan planeja participar de licitações para plataformas de petróleo muito maiores do que as que têm hoje na costa do Brasil, o maior mercado mundial de unidades de produção flutuantes, disse à Reuters o presidente da companhia, Roberto Bischoff.
A Ocyan mira contratos, potencialmente de centenas de milhões de dólares, para plataformas de águas profundas que atendem empresas como a Petrobras.
Produtores de petróleo no Brasil cortaram investimentos e adiaram decisões, disse o executivo, mas mantiveram ainda forte a expansão da atividade offshore enquanto petroleiras em outros países cancelam projetos.
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A alta produtividade do pré-sal garante maior resiliência para projetos de longo prazo, apesar da queda do preço do petróleo no mercado mundial e da baixa de consumo durante a pandemia de coronavírus, segundo ele.
“Várias oportunidades estão se materializando”, disse Bischoff em uma entrevista por vídeo, citando como exemplo a abertura pela Petrobras de concorrências para os chamados FPSOs, as plataformas flutuantes em formato de navio capazes de produzir, armazenar e descarregar petróleo.
A Ocyan quer construir e operar - ou ambos - embarcações médias com capacidade para processar até 150.000 barris por dia (bpd), mais do que seus FPSOs nos campos de Baúna e Libra, este último com 50.000 barris por dia de capacidade, disse ele.
A empresa também quer crescer em serviços de manutenção para unidades em mar ou em operação de plataformas de terceiros, setor em que disputa uma concorrência da petroleira Enauta.
A aquisição de novos contratos pela Ocyan, que hoje tem na carteira cinco sondas de perfuração e dois FPSOs, consolidaria um retorno para a empresa, até 2018 chamada Odebrecht Óleo e Gás.
A companhia foi temporariamente bloqueada pela Petrobras após o escândalo da Lava Jato, que levou à prisão dezenas de políticos e empresários, incluindo a liderança da Odebrecht.
O Brasil passou quase toda a última década sem novos contratos para construir plataformas em território nacional, após a Petrobras estourar níveis de endividamento e, depois, a Lava Jato encontrar fraudes em obras no Brasil, inclusive para a construção de plataformas.
A investigação levou a estatal a interromper obras com empreiteiras brasileiras.
Endividada, a Petrobras também priorizou na última década empresas estrangeiras que poderiam alugar - afretar - unidades, de forma a diluir ao longo de anos gastos com plataformas que chegam a custar mais de 2 bilhões de dólares.
Algumas fornecedoras estrangeiras também foram enquadradas pela Lava Jato e suspensas pela Petrobras após denúncias de corrupção.
OBRAS NO BRASIL
Hoje, a estatal busca ampliar o número de fornecedores, depois que o mercado mundial para grandes FPSOs se concentrou em basicamente em duas afretadoras, a SBM e a Modec.
Em 2019, a Ocyan, que é 100% controlada pela Odebrecht, ganhou seu primeiro contrato com a Petrobras, com uma sonda de perfuração, depois de liberada para novos contratos.
A retomada da construção de plataformas no Brasil é possível, disseram executivos da estatal durante uma conferência com analistas na semana passada. Mas o local das obras será decidido pelas empresas que vencerem os contratos.
O número de possíveis clientes da Ocyan também tem crescido à medida que a Petrobras vende campos em declínio de produção para produtoras médias, disse o executivo.
“Poderíamos participar de mais de uma competição por vez, existem projetos de 36 meses, dependerá do que aparecer”, disse Bischoff.
Fonte: Reuters