CIDADE DO PANAMÁ - Os financiamentos às exportações de bens e serviços feitos pelo BNDES são um dos assuntos “mais mal entendidos e manipulados que existem”, segundo Marcelo Odebrecht, diretor-presidente do grupo Odebrecht. Para ele, o momento é de aumentar a capacidade do banco de financiar as empresas brasileiras em sua atuação no exterior. “Num momento em que há dificuldade no mercado interno, é o momento de crescer fora. Como crescer fora? É financiando as exportações de bens e serviços.”
“As pessoas entendem mal essa questão do BNDES Exim”, afirmou ele, em breve entrevista ao Valor, na Cidade do Panamá. O papel do banco no financiamento do Porto de Mariel, em Cuba, conduzida pela Odebrecht , tem sido alvo de muitas críticas. “O BNDES não financiou nem o Porto de Mariel e nem a Odebrecht. No fundo, no fundo, o Brasil financiou todos os fornecedores de bens e serviços para a obra da Odebrecht em Mariel”, disse Odebrecht. “Existe um mal entendido muito grande.” A Odebrecht também vai conduzir a obra de modernização do aeroporto de Havana, numa operação que conta com recursos do BNDES, como crédito à exportação.
Segundo ele, países como China e Coreia do Sul financiam as vendas externas de bens e serviços de suas empresas. “O Brasil não pode ficar fora disso.” O executivo afirmou que a Odebrecht tem vários projetos no exterior em que, “por causa das dificuldades que estão ocorrendo”, a empresa está tendo que financiar “no BNDES da China, no BNDES dos EUA, o US Exim”.
“Isso faz com que, em vez de gerar empregos no Brasil, nós geremos empregos fora do Brasil. Esse é um dos assuntos mais mal entendidos e mais manipulados que existem”, insistiu Odebrecht, que respondeu a uma pergunta do Valor depois de participar de um painel sobre infraestrutura na Cúpula Empresarial, evento que ocorre no Panamá paralelamente à VII Cúpula das Américas.
Questionado se era o momento de investir mais na América Latina num momento em que o Brasil cresce menos, Odebrecht observou que o faturamento no exterior já representa algo como 60% a 80% do total, no caso da construtora. Ele citou as operações na América Latina, na África e nos EUA. “Nós vamos continuar crescendo fora, mas tmbém esperamos continuar crescendo no Brasil”
No painel, Odebrecht disse que os dois principais desafios para a área de infraestrutura na América Latina são o financiamento e a sustentabilidade sócio-ambiental. Para ele, dada a magnitude dos recursos exigidos para enfrentar o déficit de infraestrutura na região, é fundamental que haja parcerias público-privadas e concessões.
Fonte: Valor Econômico/Sergio Lamucci
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