Não bastasse ser a maior recuperação judicial da História do país , com dívidas que somam R$ 98,5 bilhões, o plano de recuperação da Odebrecht, protocolado na noite de segunda-feira na Justiça paulista, teve que levar em conta outros dois fatores: o símbolo que a empresa se tornou pelo seu histórico de corrupção e o momento político do Brasil, uma vez que alguns dos principais credores são bancos públicos, ligados ao governo federal.
Até agora, a Odebrecht definiu que buscará vender ativos, sem ter definido quais, e que lançará títulos aos credores no valor das dívidas que foram incluídas no plano de recuperação: R$ 51 bilhões. Para que eles recebam o dinheiro de volta, é necessário que o grupo consiga vender empresas ou que volte a ter lucro.
PUBLICIDADE
A empresa alerta que, mais que um mero negócio, a recuperação judicial envolve a maior empreiteira do país, a segunda maior produtora de etanol brasileira e a terceira maior petroquímica do planeta. Mas para grande parte da população trata-se da empresa mais corrupta da História, cujos desdobramentos ajudaram a manchar a imagem e a mergulhar o país em sua mais profunda recessão.
A continuação das investigações, que não param de gerar manchetes policiais, acabam contaminando o nome da empresa. “Estas notícias ruins se referem à velha Odebrecht, não à nova”, afirmou um executivo da companhia. Pode ser, mas o fato da empresa ter mantido o nome e o controle acionário não gera boa vontade da opinião pública.
Neste contexto, a solução por criar novos títulos para os atuais credores ajuda no convencimento político. Este novo ativo terá o valor da dívida atual, embora todos saibam que apenas uma pequena fração será paga. Mas isso evita o custo político que recairia sobre a Caixa, o Banco do Brasil e o BNDES na gestão de Jair Bolsonaro ao aceitarem dar generosos descontos, que podem se aproximar a 90%, para uma empresa que tem o nome associado aos governos do PT.
Fonte: O Globo