O presidente da Shell no Brasil, André Araujo, disse que a Nova Lei do Gás, aprovada ontem pela Câmara, é um “excelente passo” para a abertura do mercado brasileiro de gás natural.
Ele lembrou que a aprovação do projeto de lei pelos deputados ainda se trata do “início de uma jornada”, já que a matéria ainda vai para o Senado. O executivo disse, no entanto, que está confiante na aprovação da nova legislação.
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“O projeto tem algo inédito, reflete um forte apoio dos produtores, transportadores e grandes consumidores de gás, depois de anos de discussão”, afirmou Araujo, durante evento on-line promovido pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil.
O executivo defendeu, contudo, a necessidade de o Brasil continuar a trabalhar no aperfeiçoamento da regulação do setor. Ele citou a necessidade de ajustes nas regras dos leilões de energia, para possibilitar a contratação de termelétricas que consumam o gás do pré-sal. A Shell tenta tirar do papel o projeto de produção do campo de Gato do Mato, na Bacia de Santos.
“Se quisermos participar do leilão de energia [com uma térmica que consuma o gás de Gato do Mato, por exemplo], temos que mostrar que temos reserva e infraestrutura. Mas para nós, do ponto de vista do investidor, precisamos saber como vai ser o acesso desse gás ao mercado, para justificar o investimento em infraestrutura. Precisamos de um diálogo aberto, para que os projetos não fiquem parados, por falta de clareza regulatória”, afirmou.
A Shell vem apostando na integração da cadeia de gás com o setor elétrico e é sócia de uma termelétrica em construção em Macaé (RJ), o projeto de Marlim Azul (565 megawatts), junto com o Pátria Investimentos e Mitsubishi Hitachi Power Systems Americas (MHPS). A usina consumirá gás da Shell do pré-sal.
Segundo Araujo, a expectativa é que, devido aos efeitos da pandemia sobre a demanda, haverá uma postergação de dois anos na necessidade de contratação de novas usinas. “Mas a retomada da economia brasileira, em algum momento, se dará”, disse.
Ainda no setor de geração de energia, Araujo disse que a empresa também vê potencial para projetos de eólica offshore no Brasil. Ele destacou que a petroleira já faz investimentos nesse segmento nos Estados Unidos, mas que é “questão de tempo” para que o Brasil entre na carteira de projetos da empresa.
“Acho, sim, que é questão de tempo em relação ao Brasil, mas há uma necessidade do grupo de trabalhar com foco e é aceitável que não consigamos fazer tudo ao mesmo tempo. Temos colocado foco maior em solar, mas tenho contato direto com time [global] de eólica offshore”, disse.
O executivo comentou também sobre a entrada da Shell no segmento de “produtos da natureza”, no Brasil. Ele anunciou que a partir deste mês a companhia contará com um executivo, no Rio de Janeiro, dedicado a desenvolver negócios como conservação e reflorestamento.
Sobre novos negócios, Araujo destacou que a empresa mantém o foco em pesquisa, desenvolvimento e inovação. E disse que, mesmo num cenário de choque de preços do petróleo, a empresa prevê investimentos de R$ 250 milhões em projetos de PD&I.
Fonte: Valor