Em meio à crise do setor, a expectativa é que as paralisações de produção não se restrinjam apenas à Petrobras, mas também às petroleiras privadas. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que recebeu pedidos de duas empresas - a Energizzi e a Recôncavo E&P, da PetroRecôncavo - para paralisar temporariamente a operação de campos terrestres na Bahia.
Enquanto a Energizzi solicitou a hibernação da concessão Vale do Quiricó, a Recôncavo E&P pediu para paralisar Lagoa do Paulo Sul e Juriti. Se o cenário de baixa dos preços do petróleo persistir pelos próximos meses, como apontam as estimativas de mercado, novos pedidos podem chegar à agência reguladora.
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As pequenas produtoras, representadas pela Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás Natural (ABPIP), pedem ao governo a suspensão temporária da parcela de royalties da União.
As empresas pleiteiam também que o governo promova articulação com a Petrobras para garantir que os descontos impostos pela petroleira na compra do óleo produzido pelas companhias não ultrapasse o patamar de 10%.
Na semana passada, o secretário-executivo da ABPIP, Anabal Santos Jr., pediu, durante evento on-line, celeridade maior na tomada de decisões. “O maior custo do onshore [produção terrestre] hoje é o da indecisão”, afirmou.
Anabal Santos Jr. destacou ainda que os pequenos produtores terrestres estão trabalhando no limite da economicidade.
Segundo fonte de uma pequena produtora, a expectativa é que em maio haja aumento significativo dos pedidos de hibernação de campos localizados em terra.
Presente no mesmo evento, o assessor da diretoria da ANP, Leonardo Caldas, disse que agência está consciente sobre os pleitos da indústria e citou que o órgão regulador pretende fazer, no segundo semestre, a revisão da Resolução nº 17/2015, que trata do plano de desenvolvimento da produção de grandes e pequenos campos, com o objetivo de tratar de forma diferente grandes, médias e pequenas empresas.
A Petrobras está hibernando 62 plataformas em todo o Brasil, mas principalmente no litoral nordestino. A ANP informou que recebeu pedido formal de hibernação da empresa de 33 campos, sendo 23 no Nordeste.
Além de paralisar seus ativos em águas rasas, a estatal também comunicou a intenção de parar seis campos em terra em Sergipe e mais seis no Rio Grande do Norte.
Com a decisão, a estatal colocou seus campos numa espécie de limbo. Com custos mais elevados, as concessões em águas rasas têm dificuldades para se viabilizar no cenário atual do mercado. A intenção da companhia é vender esses ativos para novos operadores interessados em recuperar campos maduros, mas o momento é ruim para atrair investidores e não há qualquer perspectiva de quando a operação desses ativos será retomada.
De acordo com a ANP, 27 petroleiras produzem, em terra, no mercado brasileiro. As bacias maduras onshore (Espírito Santo, Potiguar, Recôncavo, Sergipe e Alagoas) produzem cerca de 100 mil barris diários de óleo equivalente, sendo 90% desse volume de óleo e gás pela Petrobras e 10% pelas empresas privadas.
Fonte: Valor