As micros, pequenas e médias empresas voltaram a ser as campeãs dos desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas estatísticas de desempenho até maio. As liberações do período somaram R$ 45,3 bilhões. O grupo participou com 44% do bolo, levando R$ 19 bilhões, 11% a mais que no mesmo período de 2010. Para Gabriel Visconti, chefe do Departamento de Orçamento da área de Planejamento do banco, apesar das críticas que a instituição recebe por financiar grandes empresas, ela vem criando mecanismos para facilitar cada vez mais o financiamento a empresas de pequeno porte, como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e o Cartão BNDES.
Em maio, o setor de infraestrutura ultrapassou a indústria no ranking das liberações de recursos do banco público. Os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) responderam por 24% dos recursos liberados para o setor, que somaram R$ 17,5 bilhões no período, ou 40% do total. Os grandes projetos, principalmente de hidrelétricas, como Santo Antonio e Jirau, parte de dutos e de transportes rodoviários, foram os grandes demandantes de recursos. "Não é usual a infraestrutura ultrapassar a indústria em volume de recursos liberados, mas isso mostra a importância que o país está dando a este setor."
A indústria recebeu R$ 13,7 bilhões, ou 32% do volume de liberações. Os segmentos de alimentos e bebidas lideraram com R$ 3 bilhões, seguido por material de transporte (R$ 2,2 bilhões), e química e petroquímica (R$ 2 bilhões). O banco financiou R$ 3,6 bilhões para o setor de agropecuária e R$ 8,5 bilhões para comércio e serviços.
O total de recursos liberados pelo BNDES este ano para financiamento de projetos continuou a recuar em maio. Nos cinco primeiros meses do ano a queda foi de 6% do total desembolsado ante o mesmo período de 2010, enquanto as consultas encolheram 11%. Visconti disse que essa pequena retração já consta do cenário do banco para 2011. "Trabalhamos com um orçamento para o ano de R$ 145 bilhões, o mesmo de 2010, e certamente chegaremos perto disso."
Ele prevê que os desembolsos vão aumentar a média mensal no segundo semestre. O indicativo é o número de aprovações de operações de crédito, que subiu 6% até maio. "É uma questão sazonal. No primeiro semestre a média mensal desembolsada é sempre menor que a do segundo. Tem Carnaval, Semana Santa e a maioria das empresas ainda está finalizando o orçamento de investimentos para o ano."
Nos primeiros seis meses deste ano a média mensal de desembolsos está entre R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões. "Estamos projetando para o segundo semestre algo na faixa de R$ 12 bilhões mensais." Na avaliação de Visconti, a desaceleração da economia não deverá afetar o desempenho do BNDES até o fim do ano. "Os desembolsos previstos já estão na nossa carteira. As operações que entrarem agora são para 2012, à exceção da Finame." Não deve haver diferença no grau de maturidade das operações com desembolsos previstos para 2011.
"Caso haja uma desaceleração no ritmo da economia, se a tendência da Selic a subir ficar na taxa atual de 12,5%, o investimento deve voltar ao normal," diz Visconti. "A expectativa do BNDES é que o investimento na economia continue a crescer acima do PIB, este ano." A participação do BNDES na formação bruta de capital fixo, a equação que mede o investimento, é de 18%. Se não houver impacto sobre as liberações do banco, a taxa pode continuar a crescer, garantindo um aumento da participação do investimento no PIB, hoje próximo a 19%, insuficiente para sustentar um crescimento econômico do país de 5% ao ano.
Fonte:Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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