A colheita da safra de soja 2018/19 do Brasil se encaminha para o fim com o mercado consolidando suas projeções em torno de 114 milhões de toneladas, já que a regularização climática a partir de fevereiro ajudou a estancar as fortes perdas observadas na virada de ano, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta quarta-feira.
Na média de estimativas de 12 consultorias e entidades do mercado, o Brasil, maior exportador global de soja, produzirá no ciclo vigente 114,24 milhões de toneladas da oleaginosa, volume 4,2 por cento menor na comparação com o recorde de 2017/18.
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Trata-se ainda de um ligeiro corte ante os 114,59 milhões de toneladas apontados no levantamento de fevereiro.
Caso se confirme, a quantidade seria a segunda maior da história, superando por pouco os 114,1 milhões de toneladas de 2016/17.
“Com a colheita de soja já bastante avançada, sobretudo nas maiores praças produtoras, como Mato Grosso, estimamos que boa parte das perdas de produtividade da safra 2018/19 já foram contabilizadas”, afirmou Daniely Santos, analista da Céleres.
Esperava-se, inicialmente, que o Brasil produzisse mais de 120 milhões de toneladas de soja na atual temporada, graças a um plantio histórico de 36 milhões de hectares regado a boas condições climáticas. Mas uma estiagem marcada por altas temperaturas entre dezembro e janeiro jogou por terra esse prognóstico.
As precipitações voltaram à normalidade a partir de fevereiro, evitando mais perdas de produtividade, mas não compensando os problemas anteriores. O resultado é uma safra marcada por expressiva desuniformidade no que tange ao rendimento da soja.
“Mato Grosso do Sul e Paraná têm perdas de produtividade próximas de 15 por cento, na média, em relação ao último ciclo. No Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), observou-se um cenário de produtividade 13 por cento abaixo do ano passado, mas, ainda assim, 9 por cento acima da média dos últimos cinco anos. Em termos gerais, Mato Grosso teve produção muito próxima da do ano passado e o Rio Grande do Sul tem perspectivas acima do último ano”, afirmou o analista Victor Ikeda, do Rabobank.
Mais de dois terços da área plantada com soja no Brasil em 2018/19 já foram colhidos, segundo a consultoria AgRural.
Há ainda trabalhos de campo principalmente no Rio Grande do Sul e no Matopiba, regiões que plantam mais tarde, bem como no Paraná, que viu as atividades perderem ritmo nas últimas semanas por causa da chuvarada.
De acordo com previsão do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, as chuvas ficarão dentro ou abaixo da média em praticamente todo o centro-sul até meados de abril. No Matopiba, porém, deve chover até mais de 200 milímetros acima do normal, potencialmente atrapalhando a colheita de soja.
Fonte: Reuters