Focada no pré-sal brasileiro, a Petrobras reduz gradualmente suas operações na Argentina, as maiores que ainda detém no exterior. Nos últimos cinco anos, a produção de petróleo da estatal brasileira no país vizinho caiu 34%. Os números acompanham o declínio da indústria petrolífera argentina, que vive o pior momento em duas décadas, mas são mais acentuados no caso da Petrobras. No mesmo período, de 2006 a 2010, a produção total de petróleo caiu 6,1%.
Esses dados fazem parte de levantamento feito, a pedido do Valor, pela consultoria Investigações Econômicas Setoriais (IES), dirigida pelo economista Alejandro Ovando. O estudo se baseia em estatísticas publicadas pela Secretaria Nacional de Energia. Ilustram ainda a perda de participação da empresa no mercado de revenda de combustíveis. Sua fatia nas vendas totais de óleo diesel caiu, em apenas dois anos, de 14% para os atuais 10,8%. O diesel é o combustível mais consumido no país, usado também por parte da frota de automóveis de passeio. Esse mercado é dominado pela ex-estatal YPF, atualmente Repsol.
A participação da Petrobras no varejo pode diminuir pela metade este ano, já que a Oil M&S está assumindo 363 postos e a refinaria de San Lorenzo, vendidos em maio por US$ 110 milhões. O ultrakirchnerista Cristóbal López, dono da Oil M&S, não é o único empresário bem relacionado com o governo que se interessou pelos ativos da estatal brasileira. Fontes do mercado informam que a Electroingenería, que expandiu seus negócios durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner, quer os 27% da Petrobras na Edesur, distribuidora de energia que atende metade de Buenos Aires.
Na última década, toda a indústria petrolífera teve resultados pouco animadores na Argentina. O problema da Petrobras é que ela entrou no país extraindo petróleo e gás de campos já maduros nas bacias Neuquina e Austral.
Fonte: Valor Econômico/Daniel Rittner | De Buenos Aires
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