Energia solar e eólica já estão no foco da Petrobras, mas por enquanto a Estatal ainda não possui projetos no Ceará
Petrobras investe em demonstrações para consumo interno de energia para operação de poços no Nordeste
Rio - A Petrobras está investindo em estudos de tecnologia para uma alternativa energética limpa, contudo ainda não comercialmente viável, que vem ganhando destaque aqui no Ceará: a energia solar. O Estado deverá, até o fim deste ano, inaugurar a primeira usina do tipo em escala comercial do Brasil, mas ainda em uma fase piloto. A estatal, pensando na diversificação das matrizes energéticas, busca alternativas que tornem este tipo de produção no País competitiva dentro do mercado. No Ceará, a SOL Tauá, empreendimento da MPX Energia, do empresário Eike Batista, está em construção e contará, até o fim do ano, com 1 MW de capacidade instalada. A ideia é que se chegue a 50 MW, mas as atuais condições de competitividade da energia não tornam, por hora, esse projeto possível. A situação pode ser modificada, contudo, com o apoio da estatal. "A Petrobras não tem projetos de geração e venda de energia solar. Mas está desenvolvendo pesquisas no sentido de aumentar a competitividade dessa energia, para que ela seja aplicada comercialmente", informa o gerente executivo do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), Carlos Tadeu da Costa. Segundo ele, a estatal já trabalha, entretanto, com algumas aplicações em nível industrial específicas. São pequenas demonstrações para consumo interno de energia para a petrolífera para operação de poços em situações remotas no Nordeste. É o caso da utilização de placas solares para gerar eletricidade usada no bombeio de poços terrestres no Rio Grande do Norte. Na utilização de energia renovável em escala industrial e comercial, o gerente aponta o setor de energia eólica, no qual a empresa recentemente entrou, inclusive sendo contemplada no último leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Conforme Costa, a Petrobras investe anualmente US$ 800 milhões em pesquisa e desenvolvimento na área de energia, dos quais US$ 120 milhões são para fontes limpas, como a solar e a eólica. O carro-chefe desse investimento, todavia, é a produção de biocombustível, setor para o qual a estatal criou uma nova empresa, a Petrobras Biocombustíveis.
Centro de Pesquisas
O gerente detalhou a preocupação da companhia com pesquisa e tecnologia durante coletiva ontem, no Rio de Janeiro, sobre a ampliação do seu centro de pesquisas, que é o maior da América do Sul. O Cenpes está inaugurando hoje a expansão de suas instalações, passando de 137 para 227 laboratórios. Ocupando um espaço de 300 mil metros quadrados na Ilha do Fundão, o centro passa a ser um dos maiores do mundo com foco em pesquisa aplicada. Os laboratórios irão atender às demandas tecnológicas das áreas de negócio da empresa, com destaque em Biotecnologia, Meio Ambiente e Gás e Energia.
CONSTRUÇÃO
Estados do NE disputam plataformas
Indústria naval pernambucana vem se credenciando para construir plataformas para o pré-sal
Com apenas um estaleiro de grande porte em operação, o Nordeste se mobiliza para tentar abocanhar fatia maior do bolo de recursos que virá com a exploração comercial do pré-sal nos próximos anos. O Estaleiro Atlântico Sul (EAS), localizado em Pernambuco e hoje o maior do hemisfério, já vem sendo contemplado, mas outros projetos surgem entre os estados nordestinos querendo participar das licitações de equipamentos da Petrobras. Hoje, o EAS é responsável pela construção do casco da Plataforma 55 (P-55) da estatal, que será instalada no Campo do Roncador, localizado na Bacia de Santos, litoral fluminense. Além deste, a indústria naval pernambucana vem se credenciando para construir mais algumas das dezenas de plataformas que a estatal deverá demandar nos próximos anos para a exploração da nova província petrolífera brasileira. Mas não é só Pernambuco que está na briga, informa o gerente executivo de Exploração e Produção Sul e Sudeste da Petrobras, José Antônio de Figueiredo.
Alagoas no páreo
Segundo ele, Alagoas, que ainda não possui estaleiro construído, também está concorrendo à construção de equipamentos navais para a petrolífera. No litoral alagoano, em Coruripe, deverá ser construído estaleiro Eisa Alagoas, com investimentos de R$ 1 bilhão. Figueiredo informa que o estaleiro, por enquanto "virtual", já apresentou propostas à Petrobras.
"Temos hoje no mercado a licitação de 28 sondas de perfuração, com lotes de sete, para permitir ao proponente vir com uma nova instalação. E nós temos ofertas de novos estaleiros, não só dos existentes. O EAS, e tem outros estaleiros com propostas para fornecer, entre os quais o de Alagoas", informa. O gerente destaca que é através da construção dos equipamentos a serem utilizados para a exploração do pré-sal que o Nordeste pode se beneficiar.
PELO MENOS AGORA
Sem estaleiro, Ceará fica fora da "briga"
O Ceará, por enquanto, ainda está por fora da batalha pela construção de plataformas de petróleo, depois de perder o estaleiro Promar Ceará para o vizinho Pernambuco, que constrói em Suape um complexo naval. A possibilidade de pensar em participar destas novas oportunidades poderá sair do estudo que a Transpetro irá realizar no Estado, identificando os possíveis locais para instalação de uma indústria naval. Esse será o primeiro passo. Depois, ainda será preciso prospectar o investimento. "Em dez anos, a gente vai dobrar nossa produção de petróleo. Pra fazer isso, vamos ter que perfurar poços, vamos ter que comprar equipamentos, e construir plataformas de perfuração e de produção. Podemos falar de algumas dezenas de plataformas de perfuração que a Petrobras tá licitando, e algumas dezenas de plataformas de produção com esse compromisso de criar infraestrutura no Brasil. Para poder manter essas plataformas de produção e perfuração em operação, precisamos de barcos que levem material, produtos químicos, suprimentos. Então, são centenas de barcos de apoio, que fazem parte desse plano estratégico", reforça o gerente. Figueiredo participou ontem de coletiva na sede da Petrobras, no Rio, para falar sobre a plataforma P-57, que começará a operar este ano, terá capacidade de processar 180 mil barris de petróleo e 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Fonte: Diário do Nordeste(CE)/SÉRGIO DE SOUSA
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