A bolsa brasileira marcou o terceiro pregão seguido de baixa ontem, acompanhando o mau humor dos mercados de ações no exterior. Lá fora, ruídos políticos na Europa e a agenda vazia de indicadores pressionaram as bolsas. Por aqui, Petrobras e as "empresas X", de Eike Batista, empurraram o Ibovespa para baixo.
Na contramão do mercado ficaram as ações PNA da Vale (1,04%), que subiram após a mineradora anunciar uma venda de US$ 2 bilhões em ouro. O Ibovespa recuou 0,83%, para 58.951 pontos, com giro de R$ 7,160 bilhões. Desde 10 de dezembro, o índice não ficava abaixo dos 59 mil pontos.
Diante de uma fraca agenda global de indicadores macroeconômicos, os investidores voltaram a atenção aos sinais de crescente tensão política na zona do euro, o que proporcionou uma desculpa para os mercados internacionais realizarem lucro, na sequência da recuperação da sessão anterior e dos fortes ganhos de janeiro. Na Europa, o índice Stoxx 600 recuou 0,36% e fechou com 284,52 pontos. Em Nova York, o Dow Jones se recuperou no fechamento e terminou em leve alta de 0,05%, o Nasdaq caiu 0,10% e o S&P 500 subiu 0,06%.
As recentes desavenças entre França e Alemanha sobre a valorização do euro se somaram às preocupações sobre o resultado das eleições gerais na Itália e ao escândalo de corrupção na Espanha. Apesar das recentes pesquisas de intenção de voto apontarem um avanço do ex-premiê Silvio Berlusconi e sua coalizão de centro-direita, analistas observam que o mais provável resultado das eleições de 24 e 25 de fevereiro é a vitória de Pier Luigi Bersani e sua coalizão de centro-esquerda, que deverá obter a maioria dos assentos na Câmara Baixa, mas que provavelmente não terá a maioria na Câmara Alta.
Por aqui, a decisão da Petrobras de reduzir o dividendo pago às ações ordinárias continuou pesando sobre os papéis. A ação ON perdeu 1,26%, para R$ 16,39, depois de recuar 8,3% na terça, o que a levou à menor cotação desde dezembro de 2005. A ação PN caiu 2,65%, a R$ 17,60, menor valor desde dezembro de 2008. O aumento do risco político na estatal acentuou a aversão por parte dos estrangeiros, que carregam uma elevada posição vendida em índice futuro, o que significa aposta na baixa. Até terça passada, esse investidor tinha posição líquida de mais de 85 mil contratos de venda de Ibovespa Futuro, que tem vencimento na quarta-feira de Cinzas.
"Esse sinal negativo do governo favorece o jogo dos estrangeiros, que estão muito vendidos no índice", observa o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. O especialista prevê que o mercado brasileiro de ações siga pressionado pelo menos até depois do Carnaval. "E para piorar, o pregão de quarta que vem será de apenas meio período, o que causará volatilidade."
Uma "crise de confiança" abate as empresas de Eike Batista há alguns pregões. Poços secos, projetos atrasados ou suspensos, uma combinação de notícias negativas sobre o grupo derruba os papéis. Ontem surgiram rumores de que Otávio Lazcano estaria deixando a diretoria da EBX. Esse "entra-e-sai" nas companhias também incomoda os investidores. OGX ON caiu 1,59%, LLX ON recuou 2,35%, enquanto a fabricante de estaleiros OSX ON perdeu 11,61%.
Fonte: Valor / Téo Takar, Aline Cury Zampieri e Suzi Katzumata
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