A nova gestão da Petrobras decidiu rever o modelo de venda de refinarias e espera ter uma proposta em até três meses, disse nesta quinta (28) o presidente da estatal, Roberto Castello Branco. A avaliação é que o modelo atual, proposto na gestão Pedro Parente, pode criar monopólios privados.
A proposta de venda de refinarias da gestão anterior, antecipada pela Folha em março de 2018, previa a transferência a parceiros privados de 25% da capacidade nacional de produção de combustíveis. O processo foi lançado ao mercado em abril.
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Segundo o modelo vigente, a Petrobras criaria duas empresas, cada uma com duas refinarias, dutos e terminais de armazenamento de petróleo e combustíveis, e venderia uma fatia de 60% em cada uma delas. Cada empresa teria um mercado cativo: uma na região Sul e outra na região Nordeste.
"Esse modelo não é competitivo", afirmou Castello Branco, em entrevista para detalhar o balanço de 2018, no qual a Petrobras trouxe lucro de R$ 25,8 bilhões. "Está fora de questão", decretou. O processo de negociações continua aberto, mas a empresa disse que fará uma revisão.
Castello Branco tem dito que gostaria de vender uma fatia maior do refino, alegando que o mercado brasileiro precisa de competição no suprimento de derivados. Nesta quinta, ele afirmou a analistas que gostaria de ter menos do que 50% da capacidade de refino do país.
A direção da empresa, porém, evitou fazer projeções, dizendo que o pacote de refinarias ainda está em análise. "Talvez tenhamos condições de apresentar [um novo modelo] em três meses", disse o presidente da estatal. A proposta enfrenta grande resistência entre empregados e sindicatos ligados à companhia.
Nomeado elo presidente Jair Bolsonaro, Castello Branco disse que a Petrobras trabalha em um plano de venda de ativos mais "agressivo" para reduzir o nível de endividamento ao mesmo patamar de seus concorrentes globais. Em 2018, a companhia recebeu R$ 20,2 bilhões relativos a ativos negociados em anos anteriores.
No momento, há negociações abertas para a venda da malha de gasodutos das regiões Norte e Nordeste, de uma fábrica de fertilizantes e de 70% dos campos de de petróleo em terra e águas rasas que a companhia opera.
Fonte: Folha SP