A Petrobras espera anunciar dentro de três meses o novo modelo para desinvestimentos na área de refino, afirmou o presidente da companhia, Roberto Castello Branco.
“Não tem prazo [para o anúncio do plano]. Espero acelerar esse prazo, talvez, em três meses”, disse a jornalistas durante coletiva de imprensa sobre o desempenho da empresa, anunciado um dia antes.
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O presidente da estatal acrescentou que a Petrobras pretende mudar o modelo atual, que, segundo ele, exclui compradores e afirmou que a companhia quer adotar um programa de desinvestimentos “mais agressivo”. “A nossa desalavancagem é resultado de várias iniciativas, sendo a mais importante delas um programa mais agressivo de desinvestimentos”, afirmou o executivo.
Castello Branco disse que a empresa não decidiu se venderá suas refinarias em clusters (pacotes), como previsto no plano de desinvestimentos original, ou individualmente. “Não tomamos decisão sobre a estruturação dos desinvestimentos no refino”, afirmou.
Ele reiterou, contudo, que a empresa não pretende vender 100% de seu parque de refino. Atualmente, a companhia detém 98% da capacidade de refino do país, mas vê espaço para reduzir essa fatia para cerca de 50%.
Ao ser questionado se a companhia pretende aumentar a meta geral de venda de ativos, hoje da ordem de US$ 26,9 bilhões, o presidente da estatal disse que, por mais agressivo, a ideia é tentar desinvestir mais rápido e mais ativos, mas não tem uma estimativa. “Qualquer [estimativa de desinvestimentos] é no plano das ideias. Quem vai determinar os valores de desinvestimentos é o mercado”, disse.
A venda da Transportadora Associada de Gás (TAG) deve ser concluída no curto prazo, segundo Castello Branco. “O processo corre normalmente. Esperamos no curto prazo termos concluído”, disse o executivo.
Sobre a Braskem, ele notou que a companhia aguarda os termos do acordo entre a Odebrecht e LyondellBasell, para decidir se acompanhará ou não a opção de venda de sua fatia para a holandesa.
O executivo afirmou também que a empresa ainda estuda o modelo de vendas de refinarias, mas antecipou que a petroleira não pretende manter participações minoritárias nas unidades que forem incluídas no plano de desinvestimentos.
“Se vendermos uma refinaria, queremos vender 100% dela”, afirmou o executivo. Segundo Castello Branco, a ideia da Petrobras é “ir além” do plano original da empresa, de vender uma fatia de 60% nos polos de refino das regiões Sul e Nordeste.
Cessão onerosa
Por outro lado, a Petrobras não conta com os recursos que a empresa vier a receber, com o acordo da cessão onerosa, para reduzir sua alavancagem, segundo Castello Branco. “Não estamos contando com esses recursos para desalavancar”, afirmou. Ele disse que a intenção é direcionar os recursos do acodo para investimentos no leilão dos excedentes.
O dirigente da estatal notou que a estratégia de desalavancagem da empresa está focada nos desinvestimentos, redução de custos e crescimento da produção. “Nosso maior interesse é participarmos do leilão [dos excedentes da cessão onerosa], para no futuro, expandirmos a produção”, disse.
Castello Branco também mencionou que o rigor na alocação de capital será outro pilar dos investimentos da petroleira.
Segundo o diretor de exploração e produção da Petrobras, Carlos Alberto de Oliveira, a companhia vai aumentar para US$ 1,4 bilhão os investimentos em exploração em 2019, ante um total de US$ 500 milhões no ano passado. “Os investimentos exploratórios vêm crescendo”, disse o executivo.
Sobre o pagamento de dividendos, o presidente da Petrobras disse que a empresa pretende continuar os distribuindo dentro dos patamares mínimos obrigatórios por lei, no curto prazo.
“O Brasil é o único país do mundo onde é fixado um dividendo mínimo obrigatório. Nem por isso as empresas brasileiras são as melhores pagadoras de dividendos do mundo. Somos obrigados a pagar dividendos mínimos e permaneceremos assim até quando nos julguemos com saúde financeira para remunerar acionistas no curto prazo”, afirmou.
Segundo ele, o foco da empresa está na geração de valor para os acionistas no médio e longo prazos.
Volatilidade de preços
A empresa pretende manter a política de hedge para reduzir a volatilidade dos preços da gasolina e diesel no mercado interno, de acordo com Grisolia.
“Sentimos que [o hedge] está funcionando bem. Vamos continuar operando [com hedge], como opção para nossos consumidores”, afirmou o executivo.
Redução no número de acidentes
Castello Branco também destacou a queda da taxa de acidentes registráveis, mas lamentou as seis fatalidades contabilizadas em 2018. “Isso nos entristece e nos envergonha. Vamos fazer o máximo possível para que ninguém saia para trabalhar na Petrobras e não volte”.
Ele acrescentou que toda a diretoria e suas equipes estão comprometidas em fazer da Petrobras uma companhia mais forte e mais saudável. “Arriscaria a dizer que nossos melhores dias ainda estão muito à frente de nós”, completou.
Futuro
Castello Branco acredita que a Petrobras terá um futuro melhor com crescimento da produção de petróleo e gás natural, redução de custos e venda de ativos.
“As iniciativas que estão sendo tomadas para aumentar a produtividade, evitar o atraso de projetos e acelerar a execução de projetos são indicadores de um futuro muito melhor juntamente com corte de custos e venda de ativos”, disse o executivo, durante teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados de 2018.
“Amanhece novamente na Petrobras”, disse Castello Branco, em seu discurso de abertura, registrando a melhoria de desempenho da empresa em 2018, superando episódios em que foi alvo de corrupção.
O presidente da Petrobras, porém, reconheceu que a companhia está "com uma alavancagem muito alta, em termos de fluxo de caixa operacional e dívida bruta".
Ele disse que vai buscar reduzir o nível de endividamento para algo entre 1 e 1,5 vez, em linha com outras petroleiras. A petroleira encerrou 2018 com um prazo médio de dívida de 9,1 anos, ante o patamar de 8,6 anos registrado ao fim de 2017.
A dívida líquida da empresa, ao fim de 2018, totalizava US$ 69,4 bilhões. A taxa média de financiamento tem ficado em cerca de 6,2% ao ano. Ao fim de 2017, essa taxa era de 6,1% ao ano.
Fonte: Valor