A paralisação da produção das 45 plataformas marítimas e quatro sondas de perfuração terrestres da Petrobrás nos últimos dias vai afetar 357 funcionários diretos da empresa. Esses empregados vão ser transferidos para o conjunto das refinarias da estatal, algumas delas inseridas na lista de privatizações.
Em resposta ao Estadão/Broadcast, a Petrobrás informou que as paradas fazem parte do seu plano de resiliência frente à crise e que não haverá demissões nesses casos.
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O número de empregados alocados nessas plataformas e sondas, na verdade, é maior do que os 357. Mas alguns deles não vão poder ser transferidos.
Alguns aderiram ao programa de demissão voluntária, outros estão de licença e outros vão continuar nas unidades para levar adiante as hibernações, processo em que as plataformas são mantidas praticamente inativas, mas não chegam a ser completamente desligadas por uma questão de segurança.
Em reunião com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante de empregados, a equipe de recursos humanos da Petrobrás informou que todas as refinarias do grupo vão receber pessoal das plataformas desativadas, com exceção da unidade de industrialização de xisto, a SIX, instalada no Paraná.
Afirmou também que não há definição se vai retomar a produção dos campos hibernados. É possível que eles só voltem a operar quando estiverem sob o controle de um novo investidor, segundo a equipe de RH.
As 49 unidades de produção paralisadas estão distribuídas em quatro bacias - Campos, Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe-Alagoas. Na Bahia e no Espírito Santo, haverá mudanças nas atividades e processos.
As plataformas e sondas estão instaladas em campos que já não eram do interesse da Petrobrás e, por isso, estão na lista de desinvestimento da empresa. Na verdade, embora a justificativa para a paralisação seja a crise provocada pela pandemia da Covid-19 e a queda abrupta do preço do barril, essas áreas pouco contribuem para a meta de corte da produção de 200 mil barris por dia anunciada pela empresa. A soma da produção dessas áreas é de pouco mais de 10 mil bpd.
"Se o foco da hibernação fosse a crise, a gestão da empresa optaria por paralisar grandes plataformas. O que está acontecendo, de fato, é que está sendo promovida a redução do efetivo de trabalhadores com o pretexto da crise. Os Estados estão em um momento de pandemia. Há uma responsabilidade social que a gestão da Petrobras ignora", afirmou Deyvid Bacelar, diretor da FUP.
Fonte: Estadão