A Pré-sal Petróleo (PPSA), estatal que representa os interesses da União nos contratos de partilha de produção no polígono do pré-sal, passou a realizar este mês a gestão desses contratos por sistema digital. O programa, que permite a participação dos operadores no pré-sal, reduz de forma brutal o tempo gasto com as atividades relativas aos contratos e prepara a estatal para o volume gigantesco de dados e documentos que surgirão após o leilão do excedente da cessão onerosa, em novembro.
Segundo o presidente da PPSA, Eduardo Gerk, a implementação do Sistema de Gestão de Gastos de Partilha de Produção (SGPP), como é chamado o programa, era obrigação prevista no contrato de partilha de produção. Após trabalho de mapeamento de processos feito pela KPMG, a estatal lançou uma licitação para a criação do sistema, vencida pela Stefanini -Scala. Iniciado em julho de 2018, o programa deverá estar totalmente concluído no fim de setembro.
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O sistema custou R$ 14,6 milhões. O valor, porém, é baixo em relação ao retorno que ele promete entregar a PPSA e seus sócios nos contratos de partilha da produção. Afinal, a estatal trabalha com planilhas que inicialmente continham 15 mil itens e hoje já chegam a ter 230 mil linhas a serem reconhecidas pelos técnicos, e informações que acumuladas desde 2014 em um total de 400 gigabytes (GB).
Para se ter uma ideia do benefício, o gerente de Tecnologia da Informação da PPSA, André Onofre, explica que a rotina de validação de dados de uma planilha fornecida por um operador no pré-sal, que levava cerca de dois dias, passará a ser feita em 40 segundos.
"Isso tomava tempo enorme [...]. Hoje, os técnicos têm mais tempo para se dedicar às tarefas nobres, de análise de projeto, otimização, o que pode contribuir para reduzir custo, um trabalho que, esse, sim, não pode ser automatizado", afirma o diretor Técnico de Fiscalização da PPSA, Paulo Moreira de Carvalho.
Dos dez módulos que compõem o SGPP, sete estão em operação: reconhecimento de custo em óleo; recuperação de custo em óleo; acompanhamento da produção; cálculo dos excedentes em óleo da União; conteúdo local; votação da PPSA nos comitês operacionais e fiscalização. Até o fim de setembro serão concluídos os módulos de equalização dos gastos e volumes; acordo de individualização da produção e comercialização.
De acordo com a PPSA, o sistema já está sendo utilizado regularmente pela Petrobras para os contratos de Libra, Uirapuru, Alto de Cabo Frio Central, Peroba, Dois Irmãos e Três Marias. A Shell já adotou o programa para os contratos de Alto de Cabo Frio Oeste e Sul do Gato do Mato. A tendência é que os outros três operadores no polígono do pré-sal (ExxonMobil, BP e Equinor) adotem o SGPP até o fim do ano. Hoje, a PPSA participa de 14 contratos de partilha.
Segundo Carvalho, apesar de a responsabilidade contratual de desenvolver o sistema ter sido da PPSA, desde o início a estatal teve a preocupação de criar algo de forma colaborativa, porque, muitos dos dados serão fornecidos pelos próprios sócios nas áreas do pré-sal. "A nossa grande missão é maximizar o resultado da União [no pré-sal]. E só maximizamos o resultado da União, maximizando o resultado de todo o consórcio", completou.
No ano passado, a PPSA arrecadou R$ 1,133 bilhão para a União, dos quais R$ 286 milhões relativos à comercialização da parcela de petróleo da União na área de Mero, na Bacia de Santos, e R$ 847 milhões referentes à equalização de gastos e volumes do campo de Sapinhoá, também na Bacia de Santos. Para este ano, a expectativa é de uma arrecadação da ordem de R$ 870 milhões.
Fonte: Valor