A elevação da exportação de minério de ferro contribuiu fortemente para garantir o superávit da balança comercial em janeiro. Dos US$ 15,22 bilhões exportados pelo Brasil no primeiro mês deste ano, US$ 2,54 bilhões foram embarques de minério de ferro. A importação total do Brasil foi de US$ 14,79 bilhões, o que resultou em saldo positivo de US$ 424 milhões.
O preço fez a grande diferença na elevação do valor exportado de minério de ferro. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a quantidade de minério embarcado em janeiro aumentou 2,7%, enquanto o preço por tonelada subiu 144,7%.
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Os grandes compradores de minério brasileiro são China, Japão e Coreia do Sul. Por isso, o crescimento de vendas desse produto básico fez a China despontar já no primeiro mês do ano como principal destino individual dos embarques brasileiros. Em janeiro do ano passado, os Estados Unidos foram o principal destino. A China assumiu a liderança apenas a partir de março, quando tradicionalmente, em função da sazonalidade do campo, iniciam-se as exportações de commodities agrícolas, como a soja.
A exportação brasileira para a China em janeiro chegou a US$ 1,77 bilhão, com elevação de 49,8% no valor médio diário na comparação com o mesmo mês do ano passado. No mesmo período, a exportação total teve crescimento de 28,2% na média diária. Os embarques para os americanos em janeiro ficaram em US$ 1,66 bilhão, com aumento de 15,4% no valor médio diário em relação ao mesmo mês de 2010.
"Já esperávamos um ganho de relevância do minério de ferro no saldo da balança, mas a magnitude em janeiro nos surpreendeu", diz André Sacconato, economista da Tendências Consultoria Integrada. Ele acredita que o minério de ferro manterá os preços altos e continuará sustentando o superávit da balança comercial. Ele lembra que, principalmente em razão do desempenho do minério de ferro, a consultoria revisou em janeiro a projeção de saldo comercial para 2011. O superávit, anteriormente estimado em US$ 18 bilhões, foi elevado para US$ 28 bilhões.
"A nossa avaliação é de que a limitação para o minério de ferro neste ano não aconteça na demanda e sim na oferta", diz ele. A análise baseia-se na perspectiva de crescimento da China, cujo Produto Interno Bruto (PIB) se expandiu 10,3% em 2010. Segundo a Tendências, o país deve continuar a crescer cerca de 9% nos próximos anos. "Há uma forte demanda chinesa por moradia e infraestrutura e o investimento na China tem crescido em relação ao seu PIB."
Para Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, o mês de janeiro mostra como o processo de valorização das commodities tem beneficiado as exportações brasileiras. Em janeiro, a venda ao exterior de básicos atingiu US$ 6,69 bilhões, valor maior que os US$ 5,93 bilhões de exportação de manufaturados. Os básicos, que em janeiro de 2010 representavam 36% do valor exportado, avançaram para 43,9% no primeiro mês de 2011.
As importações, lembra Silveira, também mantiveram ritmo forte de crescimento, com elevação de 22,7% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2010. A elevação foi puxada pelos bens de consumo que tiveram, no mesmo período, alta de 29,5% no valor médio diário. No total importado, o valor médio diário cresceu 22,7%. O principal fornecedor individual do Brasil foi a China, por pequena diferença. O país asiático vendeu ao Brasil, em janeiro, US$ 40 milhões a mais que o segundo maior fornecedor, os Estados Unidos. O valor médio diário importado da China, porém, cresceu 39,1% em janeiro em relação ao mesmo mês de 2010. No mesmo período, os desembarques originados dos EUA tiveram crescimento menor na média diária, de 29,7%.
Fonte: Valor Econômico/Marta Watanabe | De São Paulo