RIO - O presidente da mineradora Vale, Murilo Ferreira, afirmou que não acredita que o atual patamar de preços do minério de ferro no mercado spot, em torno de US$ 122 por tonelada métrica, seja baixo. Segundo ele, essa valor é suficiente para remunerar adequadamente as operações brasileiras da companhia.
O executivo, no entanto, destacou que não tem como afirmar se tal valor é suficiente para sustentar uma futura produção de minério de ferro na região de Simandou, na Guiné.
“Minério de ferro não está com preço baixo. Não sabemos como vai ser o retorno com esse preço com o projeto na Guiné, porque não sabemos quanto vai custar [o projeto] na Guiné”, disse Ferreira.
O projeto de Simandou não tem investimentos previstos pela companhia no orçamento anunciado para 2013. Em coletiva hoje em Londres, Ferreira afirmou que o projeto está parado devido às incertezas regulatórias.
“Continuamos muito interessados em Simandou, mas precisamos remover incertezas ligadas a esse projeto”, disse Ferreira.
O executivo acrescentou que o parlamento do país africano, que será responsável por referendar as decisões do governo sobre o Simandou, ainda não foi eleito.
Durante a coletiva, Ferreira teve que responder diversas vezes sobre Simandou, um projeto adquirido em 2010 por US$ 2,5 bilhões - dos quais US$ 500 milhões já foram desembolsados.
“Continuamos muito interessados em Simandou, mas precisamos remover incertezas ligadas a esse projeto”, disse Ferreira. “Não saímos da Guiné, encerramos atividades que estavam planificadas”, acrescentou.
O executivo, durante toda a coletiva, fez questão de frisar que não há conflito com o governo do país africano. “Temos profundo respeito pela agenda do governo da Guiné. Temos certeza de que eles estão fazendo os estudos necessários. A questão está nas mãos do governo da Guiné, que é quem estabelece as regras”, ressaltou.
Tendência
A tendência para os preços do minério de ferro, principalmente na China, é de precificação à vista. A afirmação foi feita por José Carlos Martins, diretor-executivo de ferrosos da Vale.
Atualmente, a companhia vende cerca de 25% do seu minério de ferro com base no preço à vista na China, enquanto 75% são baseados em diferentes tipos de contratos. Mas parte destes contratos tem fórmulas que consideram o preço à vista.
Com isso, 50% do total vendido pela mineradora tem alguma base de precificação no preço diário, enquanto 20% são negociados com base no sistema de média trimestral, com um mês de defasagem. O restante é negociado tendo como referência a média do trimestre corrente.
“A tendência, principalmente na China, é para precificação mais à vista, mais líquida. Japão, Europa e Coreia mantêm média de trimestre com defasagem ou trimestre em curso”, disse Martins. “A visão de longo prazo é que o mercado caminha para uma precificação à vista, pelo menos enquanto continuar a volatilidade de preços”, afirmou. Segundo ele, “durante um bom tempo” existirá uma volatilidade nesse mercado.
Martins fez questão de frisar que a Vale não tem preferência por uma fórmula de precificação. “Não temos mais preferência [por uma fórmula de preço]. O mercado escolhe e nós nos adaptamos”, disse.
Fonte: Valor Econômico/Rafael Rosas e Vera Saavedra Durão | Valor
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