Apesar da preocupação com a política de preços adotada pela companhia, que parece ser orientada pelo governo para ajudar a conter a inflação, o aumento dos preços internacionais do petróleo ajudou a Petrobras.
A companhia divulgou lucro de R$ 10,98 bilhões no primeiro trimestre, 42% acima do registrado no mesmo período de 2010.
A produção de petróleo, gás e LGN (líquido de gás natural) cresceu 3%, para 2,384 milhões de barris/dia, e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização aumentou 7%, para R$ 16,09 bilhões. Já a receita com vendas ficou em R$ 54,8 bilhões.
O resultado foi ajudado em parte pelo aumento de 7% nas vendas totais no país, pela alta dos preços dos combustíveis que não obedecem ao controle explícito do governo, como a nafta (alta de 13%) e o querosene de aviação (QAV), que subiu 20%. O petróleo exportado aumentou 41% em dólares.
Impossibilitada de elevar os preços dos derivados como gasolina e diesel no mercado brasileiro, a estatal viu no primeiro trimestre o preço do petróleo nacional vendido atingir US$ 94,04, valor 29% superior aos US$ 72,92 obtidos no primeiro trimestre do ano passado. No mesmo período, o petróleo tipo Brent subiu 38%, passando de US$ 76,24 para US$ 104,97. Já os derivados vendidos no mercado interno subiram apenas 12%, avançando de US$ 87,29 por barril para US$ 98,15 por barril.
O aumento da cotação do petróleo elevou as receitas da Petrobras em US$ 1,94 bilhões, isso somente com as exportações realizadas e com a venda da produção realizada no exterior, já que os preços no mercado interno não foram reajustados. De acordo com os dados do balanço, houve um crescimento de R$ 894 milhões do lucro bruto em relação ao ano passado, ou 5%, o que fez com que nos primeiros três meses do ano totalizassem R$ 12,31 bilhões, alta de 7% em relação ao trimestre anterior.
O lucro bruto, de R$ 20,20 bilhões, foi impulsionado pelo aumento da cotação do Brent no mercado internacional, informou a empresa em nota. A média de preços no primeiro trimestre foi de US$ 104,97, um aumento de 37,68% em relação aos preços médios registrados no mesmo período do ano passado, de US$ 76,24. Essa diferença, segundo a companhia, permitiu elevar as receitas com exportações, produção e vendas do segmento internacional.
Os números divulgados na sexta-feira mostram que a estatal aumentou em 10% as importações de petróleo e derivados, cotados a um preço 21% maior do petróleo Brent do que o do mesmo período do ano passado. As exportações caíram 14% no mesmo período de comparação. Tudo isso somado levou a área de abastecimento - responsável pelas refinarias e pela comercialização de petróleo e derivados - a fechar o trimestre com prejuízo de R$ 95 milhões, contra um lucro de R$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre de 2010.
Os números da Petrobras não surpreenderam o mercado. O Deutsche Bank esperava "um sólido conjunto de números, mas com tendências desfavoráveis do negócio de refinação devido à política de preços da empresa".
A preocupação com o uso político da Petrobras depois das declarações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitindo usar a empresa para enquadrar o mercado de etanol, não devem ajudar a melhorar as perspectivas.
Os analistas aguardam agora a divulgação do plano estratégico, que foi apresentado ao conselho de administração na sexta-feira, mas não foi aprovado. Segundo a Petrobras, foram solicitados estudos e análises adicionais.
A expectativa era que o novo plano de negócios para o período 2011-2015 fosse divulgado junto com o resultado. No mercado, espera-se que os investimentos no próximo quadriênio subam para algo entre US$ 260 bilhões e US$ 265 bilhões. O plano atual prevê US$ 224 bilhões nos quatro anos até 2014.
(Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio/Colaboraram Juliana Ennes e Rafael
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