Um grupo de procuradores franceses reuniu-se ontem com representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) em Brasília para tratar da investigação conjunta de dois casos: supostas fraudes envolvendo a construção de um estaleiro para montagem de um submarino de propulsão nuclear no Brasil, projeto anunciado em 2008 em parceria com a França e batizado de Prosub, e a suposta compra de votos no Comitê Olímpico Internacional (COI), que teria levado o Rio de Janeiro a vencer a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
No caso dos submarinos, o Ministério Público Federal em Brasília investiga o suposto sobrepreço de 100% na construção do estaleiro. Responsável pela transferência de tecnologia ao Brasil, a empresa francesa DCNS escolheu a Odebrecht como parceira nacional no projeto. Executivos da empreiteira relataram, em acordos de delação premiada com a PGR, o suposto pagamento de propina a um representante da DCNS, por meio do Departamento de Operações Estruturadas.
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No caso da compra de votos no COI, as investigações já descobriram indícios de suborno de cerca de US$ 2 milhões, mas os valores poderiam ser ainda maiores, segundo o procurador francês Jean-Yves Lourgouilloux, um dos responsáveis pelo caso. A notícia sobre a investigação do suposto esquema foi revelada em março pelo jornal francês "Le Monde".
Segundo os procuradores franceses, o pagamento de suborno teria sido feito fora do Brasil e da França, como forma de ocultar as movimentações financeiras. O Rio disputou a candidatura para sediar a Olimpíada com as cidades de Madri, Tóquio e Chicago. Há suspeitas de que os votos teriam sido comprados em bloco, envolvendo mais de um continente.
O secretário de cooperação internacional da PGR, Vladimir Aras, disse que a vinda da missão francesa ao Brasil tem como objetivo aprofundar as investigações dos dois casos. Ele se recusou, entretando, a citar quais seriam as investigações concretas, protegidas pelo sigilo. "Nós temos alguns casos importantes com a França, mas essa missão deles diz respeito a dois casos, um no Rio de Janeiro e outro de Brasília", afirmou Aras.
Ao abrir o encontro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, falou na possível criação de uma equipe conjunta de investigação entre os Ministérios públicos dos dois países.
Fonte: Valor