A Vale informou que sua produção de minério de ferro no primeiro trimestre somou 59,6 milhões de toneladas, uma queda de 18,2% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
Já a produção de pelotas da companhia recuou 43,1% na mesma comparação, atingindo 6,9 milhões de toneladas entre janeiro e março.
A companhia ressaltou no relatório de produção e vendas do primeiro trimestre, divulgado nesta sexta-feira (17), que o volume extraído de finos de minério ficou abaixo do guidance de 63 milhões a 68 milhões de toneladas para os três primeiros meses do ano.
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Segundo a Vale, as principais causas para esse resultado foram perdas de 4,5 milhões de toneladas no Sistema Norte por manutenção não programada no transportador de correia de longa distância no S11D; condições climáticas mais severas e concentradas do que o habitual, especialmente, em março; e restrições operacionais em Serra Norte, relacionadas à postergação no start-up da nova frente de lavra de Morro 1.
Além disso, houve perdas de 1,8 milhão de toneladas por menores compras de terceiros, devido à menor disponibilidade causada pelas fortes chuvas no sudeste do Brasil; e perdas de 2,1 milhões de toneladas por questões operacionais no Sistema Sudeste, principalmente no Complexo de Itabira.
Também houve queda nas vendas realizadas pela mineradora. Nos finos de minério de ferro, a queda foi de 6,8% na comparação com os três primeiros meses do ano passado, para 51,6 milhões de toneladas. Já nas pelotas, o recuo nas vendas foi de 40,6% na mesma comparação, para 7,3 milhões de toneladas.
A participação de produtos premium totalizou 87% no trimestre e os prêmios de qualidade de finos de minério de ferro e pelotas atingiram US$ 5,2 por tonelada, US$ 1,2/tonelada abaixo do quarto trimestre do ano passado.
A Vale reduziu a meta de produção de finos de minério este ano, de 340 milhões a 355 milhões de toneladas para um volume entre 310 milhões e 330 milhões de toneladas. O relatório de produção e vendas da companhia, divulgado hoje, traz ainda a redução do guidance de produção de pelotas para este ano, que passou de 44 milhões de toneladas para um volume entre 35 milhões e 40 milhões de toneladas.
Segundo a mineradora, os principais motivos para essas revisões forma a perda de produção no primeiro trimestre; atrasos na retomada de operações interrompidas, como Timbopeba e Fábrica, uma vez que a pandemia de covid-19 vem atrasando os processos de inspeções, avaliações e autorizações; atrasos na implementação de alternativas para a disposição de rejeitos da planta de Brucutu, que não deve ser concluída até o fim do segundo trimestre; e impactos adicionais relacionados à pandemia, associados ao risco de aumento do absenteísmo em diferentes cenários de sensibilidade.
Ainda de acordo com a mineradora, o seu volume de vendas em 2020 pode mudar de acordo com as condições de mercado e a estratégia de margem sobre o volume da empresa, dando prioridade a produtos “blendados” em seu portfólio e a reposição de estoques em 2020, conforme necessário.
Carvão
A produção de carvão da Vale registrou queda de 11,3% no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano anterior, atingindo 1,9 milhão de toneladas.
As vendas do produto também registraram baixa, de 34,6% na mesma comparação, para 1,5 milhão de toneladas entre janeiro e março.
No relatório de produção da companhia relativo ao primeiro trimestre, a Vale ressaltou que não será possível manter o ritmo de produção em abril, pois mina e porto atingiram os limites de suas capacidades de armazenamento devido à menor demanda por carvão.
A empresa diz ainda que, devido às incertezas decorrentes da pandemia de covid-19 — que incluem a já anunciada postergação da reforma da planta de processamento em Moçambique, que não tem nova data de início —, decidiu retirar seu guidance para a produção de carvão em 2020, e não pode prover novo guidance no momento. A decisão vale também para os anos de 2021, 2022 e 2023.
“A companhia está avaliando continuamente o impacto da pandemia em seus negócios e divulgará imediatamente qualquer impacto material adicional em suas operações, cadeia de suprimentos ou demanda de clientes”, diz a companhia, no relatório de produção e vendas.
Níquel
A Vale informou ainda que a produção de níquel da empresa caiu 2,9% no primeiro trimestre frente a igual período do ano passado, para 53,2 mil toneladas. As vendas do produto também caíram na mesma comparação, para 44,2 mil toneladas, 12,1% a menos que entre janeiro e março do ano passado.
A companhia ressaltou que a produção de níquel acabado “foi forte para um primeiro trimestre”, apesar do declínio na comparação com igual período do ano passado. A empresa destacou no relatório que a produção entre janeiro e março de 2019 também foi sólida.
A Vale também informou que o plano para encerrar atividades na refinaria da VNC “está avançando conforme planejado e as atividades de refino, responsáveis pelo processamento do feed em óxido de níquel, começaram a desacelerar em março de 2020, o que levará à produção exclusiva de ‘nickel hydroxide cake’ no site a partir de maio de 2020.
Cobre e manganês
No cobre, houve alta de 0,7% na produção no primeiro trimestre, na comparação com os três primeiros meses do ano passado, para 94,5 mil toneladas. Já a produção de manganês caiu 0,5% na mesma comparação, para 363 mil toneladas.
Em termos de vendas, houve queda de 1,3% no cobre, sempre na comparação com igual período do ano anterior, para 89,2 mil toneladas, enquanto no manganês o recuo foi de 13,1%, para 219 mil toneladas.
No relatório, a mineradora frisou que, devido à ociosidade de Voisey’s Bay — onde houve parada de minas — e os potenciais impactos da pandemia de covid-19 na habilidade da Vale para realizar regularmente paradas de manutenção de plantas em metais básicos, decidiu revisar seu guidance de produção de níquel em 2020, passando de 200 mil a 210 mil toneladas para 180 mil a 195 mil toneladas, excluindo VNC. Também houve redução na meta de produção de cobre, que passou de 400 mil toneladas para 360 a 380 mil toneladas.
"Impacto limitado"
A Vale informou, no relatório de produção e vendas do primeiro trimestre, que a sua produção nos três primeiros meses do ano sofreu um “impacto limitado” devido à pandeima de covid-19. A mineradora ressalta, no entanto, que o efeito do novo coronavírus nas operações da companhia poderá ser “mais significativo” no futuro.
No primeiro trimestre, os impactos da pandemia nas operações da Vale podem ser resumidos na interrupção temporária das operações no Terminal Marítimo de Teluk Rubiah, na Malásia, sem impacto na produção de minério de ferro; na redução da operação de mineração em Voisey's Bay e a colocação de regime de “care and maintenance” por um período inicial de quatro semanas, posteriormente estendendo esse período por até três meses adicionais, com um impacto de até 6 mil toneladas na produção de concentrado de cobre no primeiro semestre; e no adiamento dos planos para a manutenção da planta de processamento de carvão em Moçambique.
Mas a empresa alerta para riscos mais significativos no futuro, principalmente pelo aumento potencial nos níveis de absenteísmo em suas áreas de produção, se for necessário intensificar as medidas de segurança para proteger seus empregados, caso haja uma escalada de contágio nas localidades em que opera; pelo adiamento de paradas de manutenção programadas nas plantas de metais básicos, devido a restrições de segurança; em razão de restrições potencialmente mais severas, impostas pelas autoridades para combater a pandemia, que podem restringir seu contingente mínimo de mão de obra.
Fonte: Valor