A utilização da capacidade instalada está abaixo do normal para quase toda a indústria brasileira. A Sondagem Industrial do primeiro trimestre de 2011 realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada ontem, mostrou que oito setores registraram queda na produção do primeiro trimestre: minerais, não metálicos, plástico, refino de petróleo, madeira, limpeza e perfumaria, têxteis, móveis e bebidas. No mesmo período do ano anterior, todos os setores, exceto madeireiro, aumentaram a produção.
A expectativa dos empresários quanto à demanda futura, segundo o estudo, é de crescimento para todos os setores, geralmente visando o mercado interno. As exportações possuem um cenário mais negativo, com uma expectativa de queda nos próximos meses, apesar da demanda continuar no mesmo nível. "O câmbio e a queda da quantidade de produtos importados pelos países mais desenvolvidos vai dificultar, nos próximos meses, a exportação da indústria brasileira, que deverá baratear seus preços ou aumentar a produção para se tornar mais competitiva", disse Renato da Fonseca, gerente-executivo da CNI.
A produção industrial subiu em março em comparação com os dois primeiros meses do ano. Mesmo assim, o aumento foi muito inferior se comparado ao mesmo mês do ano passado. A explicação para o forte aumento do mês de março no ano passado foi a ausência do Carnaval e as reduções tributárias concedidas pelo governo.
O percentual médio da capacidade instalada chegou a 74% no mês passado e o aumento do número de funcionários é o maior desde outubro de 2009.
A utilização da capacidade instalada está abaixo da usual há quatro meses, desde novembro. "A evolução da produção em março, ainda não foi capaz de trazer a capacidade instalada para os níveis normais", disse Marcelo Souza Azevedo, economista responsável pela pesquisa. "Claramente estamos perdendo ritmo, o que não é uma novidade, pois o processo (de queda de produção) vinha acontecendo desde o segundo semestre do ano passado", disse Fonseca.
A pesquisa também comparou, de 2010 para 2011, as principais preocupações das pequenas empresas, que elegeram as altas taxas de juros, a falta de demanda, falta de capital de giro, a inadimplência de clientes e o alto custo da matéria-prima como principais problemas para os próximos meses. As maiores reduções, comparadas ao ano passado, foram a falta de trabalhador qualificado e a competição acirrada do mercado.
Já as grandes empresas, do ano passado para este, elegeram como problemáticas a elevada carga tributária, o alto custo da matéria-prima, as altas taxas de juros, a capacidade produtiva e a falta de financiamento a longo prazo. A taxa de câmbio e a competição acirrada do mercado foram os tópicos que mais perderam importância.
O estudo da Confederação Nacional da Indústria foi realizado com 1.569 empresas de todo o país, das quais 883 pequenas, 455 médias e 231 grandes, no período de 31 de março a 14 de abril.
Fonte:Valor Econômico/Tarso Veloso | De Brasília
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