O governo calcula que as iniciativas previstas no programa “Novo Mercado de Gás” ajudem a destravar investimentos da ordem de R$ 32,8 bilhões em infraestrutura de gás natural no Brasil. Os números incluem gasodutos, terminais de gás natural liquefeito (GNL) e unidades de processamento.
O programa se ampara, contudo, não na abertura da capacidade ociosa dos gasodutos existentes. A medida deve beneficiar uma série de petroleiras que têm hoje dificuldades para acessar o mercado consumidor, devido à verticalização da Petrobras no setor.
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Entre as empresas interessadas na abertura do mercado estão Shell, Galp e Repsol, sócias da Petrobras no pré-sal e que vendem suas produções para a estatal por preços baixos, por terem dificuldades de aceso ao mercado.
Além delas, a norueguesa Equinor e a americana ExxonMobil, sócias em Carcará, na Bacia de Santos, acompanham o assunto com atenção, na expectativa de conseguirem escoar os grandes volumes de gás do projeto para o mercado.
A ideia do governo é abrir a capacidade ociosa dos gasodutos existentes para outras empresas, antecipando o fim da exclusividade que a Petrobras ainda detém em gasodutos de transporte – e também nos gasodutos de escoamento, as unidades de processamento de gás (UPGNs) e plantas de GNL.
A estatal brasileira possui participação em quatro transportadoras e em 19 distribuidoras estaduais de gás canalizado. O mais provável é que venda, numa tacada só, sua participação de 51% na Gaspetro (empresa que possui participação acionária nas distribuidoras), mas ainda não está claro qual será o modelo de negócios. Outra opção seria vender isoladamente concessionária por concessionária – ou até mesmo vários pacotes de distribuidoras.
Em 2015, quando a Petrobras vendeu para a japonesa Mitsui 49% da Gaspetro, a Petrobras levantou R$ 1,9 bilhão. Entre as potenciais candidatas às distribuidoras estão a própria Mitsui, a Cosan (controladora da Comgás), Naturgy (CEG e CEG Rio) e a Engie, que já manifestou publicamnete o interesse de entrar no mercado de distribuição de gás.
No transporte, a Petrobras possui, atualmente, 51% na Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG); 10% na Transportadora Associada de Gás (TAG); 10% da Nova Transportadora doSudeste (NTS); e 25% na Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB), que atua na fronteira com a Argentina.
Nos casos da TAG e NTS, a expectativa é que a empresa venda suas fatias para as empresas que adquiriram o controle das companhias nos últimos anos, como a Engie e Brookfield.
Fonte: Valor