A Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) segue apresentando números que reforçam o movimento de recuperação realizado pela companhia após a instabilidade financeira reportada no ano passado, em função da manutenção preventiva.
Os impactos da retomada da produção de gás da QGEP no aumento da receita líquida foram confirmados durante encontro dos executivos da companhia com analistas e investidores do mercado de capitais ontem, quarta-feira (5/12).
A produção de gás da companhia atingiu 275,8 milhões de metros cúbicos entre julho e setembro deste ano, o que representa uma elevação de 59,6%. No acumulado do ano, o acréscimo foi de 57,2%, passando de 482,2 milhões para 758,1 milhões metros cúbicos produzidos.
"A recuperação da produção foi comprovada, após um desempenho desfavorável em 2011, em função da manutenção preventiva em algumas perfurações e poços, o que fez com que a produção fosse interrompida algumas vezes. Esperamos manter o nível de produção de 2012 até 2018", disse Paula Costa, diretora financeira e de relações com investidores da companhia.
A executiva atribuiu o melhor desempenho deste ano ao fato de a companhia estar colhendo os frutos da abertura de capital, que possibilitou que a Queiroz Galvão comprasse dois ativos da Shell na área de exclusão do pré-sal, expandindo o portfólio. Além disso, Paula afirma que a descoberta de Carcará (BM-S-8) este ano cooperou significativamente com o avanço da companhia. A empresa possui 10% de participação no pré-sal localizado na bacia de Santos.
O aumento da produção e os reajustes colaboraram para que a receita subisse 71,8% no terceiro trimestre, alcançando R$ 127,2 milhões. Da mesma maneira, de janeiro a setembro de 2012, a receita chegou a R$ 346,3 milhões, o que representa elevação de 68,2%.
Outros números confirmados foram o Ebitda que subiu 68%, a R$ 87,1 milhões. Revertendo o prejuízo acumulado no primeiro semestre, o lucro líquido marcou R$ 61,9 milhões no terceiro trimestre.
Paula reforçou o compromisso da empresa com sustentabilidade, afirmando que o valor investido em pesquisa e desenvolvimento de projetos voltados à segurança ambiental já ultrapassou o montante de R$ 5 milhões.
Lincoln Guardado, diretor geral da QGEP, considera a possibilidade de que a companhia volte ao mercado para realizar emissão de dívida com o objetivo de financiar os próximos passos dos campos de pós-sal de Atlanta e Oliva (BS-4), além de novos investimentos em Carcará.
"Teremos que fazer funding para manter o crescimento e o desenvolvimento desses projetos", explicou Guardado, afirmando que a perfuração no campo de Atlanta deve começar em 2013 e que as negociações para o início das operações no de Oliva já estão adiantadas.
Guardado afirmou que as projeções finais para os valores que devem ser aportados no projeto de Carcará serão estabelecidos no próximo ano. Com isso, o volume de captação de recursos será definido.
O executivo explicou ainda que a concessão do bloco BS-4, que passou pelo plano de desenvolvimento da ANP, que possui um sistema de produção antecipada, inclui a perfuração de dois poços horizontais. "No campo de Atlanta já não há risco geológico. A área desses campos vai diminuir o nosso risco para perfuração no ano que vem e a produção deve começar em 2015".
A perfuração em Carcará superou o estimado, mas requer um cuidado ambiental acentuado. "Vamos tentar explorar o bloco de maneira satisfatória", disse o diretor-geral da QGEP, explicando que o poço terá duas unidades de exploração com resultados a partir de 2018.
A profundidade final no prospecto de Carcará foi atingida neste trimestre e a fase de testes já foi iniciada para estabelecer o potencial de produção do reservatório. Pelo menos 400 metros são de carbonatos microbiais, com excelente qualidade de porosidade e permeabilidade.
Durante o encontro com analistas, Guardado também explicou que nas emergentes bacias de Camamu e Jequitinhonha, que contam com prospectos de pré-sal e pós-sal, a QGEP tem todo o controle da situação geológica e econômica. Mesmo que as descobertas Pinaúna (óleo), Sardinha (óleo e gás), Manati (gás) e Camarão/Camarão Norte (óleo e gás) sejam acomodações pequenas e médias, o executivo garante satisfação com o investimento realizado.
As operações do BM-J-2 na Bacia do Jequitinhonha, que tiveram a perfuração interrompida pelo Ibama em 2011 devido à restrições ambientais, devem ser reiniciada em junho de 2013. "Pretendemos finalizar a contratação de uma sonda para reiniciar a perfuração no prospecto de canavieiras até agosto de 2013", garante Guardado.
Diante do cenário apresentado nos nove primeiros meses do ano, a companhia projeta que a capacidade de produção do Campo Manati, considerado o grande sustentáculo da companhia que possibilitou a aquisição de blocos e mais investimentos em pesquisa, deve atingir média diária de 6 milhões de de metros cúbicos de gás por dia, abaixo do volume apresentado no terceiro trimestre (6,7 milhões de metros cúbicos). Ainda assim, a média do ano deve superar o nível registrado no ano passado (4,1 milhões de metros cúbicos).
"Esse desempenho tem sido acima do esperado. A produção do campo de Manati deve ser mantida neste nível em 2013", aponta o executivo, falando sobre o campo que, segundo a diretora financeira, tem geração de caixa de US$ 300 milhões por ano.
Entre os principais eventos do futuro, Paula destaca os resultados finais do poço de Carcará, a retomada das perfurações em Jequitinhonha e Camamu, a perfuração do poço horizontal para desenvolvimento de Atlanta, além de um novo relatório de recursos e reservas da certificadora Gaffney & Cline. "Até 2018, esperamos o primeiro óleo em Carcará e em Atlanta, desenvolvendo o caixa da companhia que está bem concentrado no campo de Manati".
A executiva avalia que a QGEP continuará buscando consórcios, pois isso atrai muitas parcerias. O objetivo principal é ampliar portfólio balanceado e manter o nível das descobertas para continuar a crescer. "Queremos crescer de forma consistente e estar entre as três maiores companhias do setor. Não tememos risco, mas gostamos de dimensioná-lo. Ele é inerente à nossa atividade, mas nada impede que ele seja controlado e mitigado", conclui Paula.
Fonte: Brasil Econômico/Marcelo Ribeiro
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