Tintas à base de água, sem solventes, com baixo odor e menos toxicidade; fluidos refrigerantes para condicionamento de ar automotivo e residencial inofensivos à camada de ozônio e com baixíssimo potencial de aquecimento global; polímeros de celulose para argamassa e produtos de cimento; fibra de polietileno que combina elevada resistência com leveza.
Esses são alguns dos lançamentos da indústria química no mercado brasileiro visando ajudar seus clientes a ser mais sustentáveis e causar menos impacto no meio ambiente.
Trata-se de uma nova geração de produtos que vêm consumindo parte substancial dos investimentos das empresas do setor químico em pesquisa e desenvolvimento. Na Dow, as tecnologias de construção sustentável devem consumir neste ano de 30% a 40% dos investimentos globais da empresa em P&D, em torno de US$ 1,7 bilhão, diz Daniel Arruda, gerente de marketing estratégico do negócio de construções da filial brasileira.
Um dos principais lançamentos da empresa para a área de construção, segundo Arruda, é a linha Walocel, baseada em polímeros de celulose para argamassas e produtos de cimentos, que será apresentada este mês na Conferência Latino-americana de Argamassas, em São Paulo. O produto alia a tecnologia de polímeros de celulose ao equipamento de projeção, uma espécie de spray que joga argamassas colantes de revestimentos diretamente na parede.
A Dow apresenta inovações também no segmento de tintas, para o setor imobiliário e industrial, informa Franco Faldini, diretor de marketing do negócio tintas. Para esse mercado, a empresa traz a tecnologia Evoque, que reduz a presença do titânio, elemento químico que gera muito CO2, na formulação da tinta. O Evoque é um polímero pré-composto que melhora e desempenho e pode reduzir a parcela de titânio na formulação da tinta em até 20%.
No segmento de tintas industriais, a novidade é o lançamento da linha de Epoxi base água, em substituição aos produtos base solvente, ou seja, com baixa emissão de COV (compostos orgânicos voláteis). "Os produtos da marca Prosperse são destinados a variadas aplicações com a mesma performance dos produtos base solventes, porém com o benefício de se tratar de produtos sustentáveis", diz Faldini.
A DuPont também investe pesado no desenvolvimento de seus produtos, indica John Julio Jansen, vice-presidente da divisão de polímeros de engenharia para a América Latina. Segundo ele, a empresa gasta US$ 1,8 bilhão em pesquisa e desenvolvimento, grande parte voltada para produzir materiais ambientalmente aceitáveis. Um dos focos são as tintas para a indústria automobilística, que são feitas base água em vez de usar solvente.
Outra área de investimento são os fluidos refrigerantes, gás que vai dentro da geladeira, do ar condicionado de veículos e equipamentos residenciais. A nova linha de fluidos refrigerantes Opteon, segundo Jansen, apresenta baixíssimo GWP (potencial de aquecimento global), cujo índice é 99,7% menor em comparação a fluidos refrigerantes utilizados atualmente, e são também inofensivos à camada de ozônio.
"Esse é um bom exemplo de como focar o desenvolvimento sustentável, e de como a pesquisa de produtos pode trazer soluções que não causam impacto ambiental. Mais ainda: como esses produtos podem ser eficientes do ponto de vista energético", diz ele. De acordo com o executivo, a meta da DuPont é que os produtos sustentáveis representem nos próximos dois anos algo como 35% do faturamento da empresa, cerca de US$ 31 bilhões em 2010.
A divisão de tintas decorativas da Akzo Nobel lançou uma série de produtos da linha Coral, base água, desde tintas econômicas até as chamadas Premium, mais concentradas, portanto com mais rendimento e com menor presença de COV. Segundo Benito Berretta, diretor de marketing da empresa, em cinco anos, a oferta dos produtos ecológicos deverão representar de 30 a 40% do total de negócios da companhia.
A DSM, empresa global de origem holandesa, investiu em pesquisa e desenvolvimento € 424 milhões em 2010. As suas vendas chamadas "ECO+solutions" atingiram € 1,3 bilhão. Em parceria com a Novozymes, fabricante mundial de enzimas industriais, a DSM está lançando na América Latina a fitase Ronozyme HiPhos para elevar a liberação de fósforo presente na ração animal, dos vegetais, com objetivo de auxiliar em uma maior absorção desse elemento químico por suínos e aves.
Fonte: Valor Econômico/Por Genilson Cezar | Para o Valor, de São Paulo
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