O expressivo crescimento da produção de petróleo e gás, impulsionado pelo desempenho no pré-sal, deve influenciar positivamente o resultado da Petrobras no terceiro trimestre deste ano, que será divulgado hoje, após o fechamento do mercado. O destaque da produção, porém, será compensado, em parte, pela queda do preço do petróleo no mesmo período, de acordo com previsões de analistas consultados pelo Valor.
A média feita pelo Valor com base em projeções de sete casas de análise - UBS, Morgan Stanley, BTG, Bradesco, Credit Suisse, Santander e XP - indicou um lucro líquido de R$ 10,9 bilhões para o terceiro trimestre, com crescimento de 63,4% ante igual período do ano passado. Na mesma comparação, a média das projeções indica uma queda de 22,1% da receita líquida, para R$ 76,5 bilhões, e um crescimento de 4,3% do Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), totalizando R$ 31,1 bilhões.
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Na última semana, a Petrobras reportou um crescimento de 14,6% da produção total de petróleo e gás natural no terceiro trimestre, ante igual período anterior, somando 2,878 milhões de barris de óleo equivalente por dia (BOE/dia). Considerando apenas a produção de óleo em campos nacionais - indicador operacional da companhia mais acompanhado pelo mercado - o volume cresceu 16,9%, para 2,264 milhões de barris diários, na mesma comparação.
O aumento da produção doméstica de petróleo e a depreciação de 2% do Real motivaram a estimativa do Santander para Ebitda de R$ 32,3 bilhões no terceiro trimestre, 8% superior em relação a igual período anterior. Segundo o banco, em relatório assinado por Christian Audi, Gustavo Allevato e Rodrigo Almeida, os dois fatores positivos deverão ser parcialmente compensados pela queda de 17%, na comparação anual, do Brent e por perdas de estoque no refino.
Na mesma linha, o J.P. Morgan destaca que o preço do petróleo recuou 9,7% no terceiro trimestre, ante o período exatamente anterior, o que deve pesar nos estoques de refino, com relação à Petrobras. O banco, no entanto, salientou que os números de produção reportados pela empresa no período entre julho e setembro foram muito fortes.
A XP prevê um lucro líquido de R$ 7,413 bilhões para a Petrobras no terceiro trimestre deste ano, com crescimento de 11,6% ante igual período anterior. As estimativas da corretora refletem o aumento recente da produção de petróleo, margens internacionais de combustíveis de US$ 6,1 por barril, câmbio de R$ 3,97 e preço médio do petróleo de US$ 62 por barril.
Mais otimista, o BTG Pactual projeta lucro líquido da Petrobras no terceiro trimestre de R$ 13,7 bilhões. A estimativa considera o expressivo resultado da produção divulgado na última semana. “É ótimo ver que a companhia está começando a entregar em excesso as coisas que ela pode controlar”, ressalta o banco, em relatório assinado por Thiago Duarte, Pedro Soares e Daniel Guardiola.
No lado não-recorrente, o resultado da Petrobras será favorecido pela entrada em caixa de R$ 9,6 bilhões provenientes da venda de participação na BR Distribuidora, cuja fatia da estatal recuou de 71,25% para 37%, e pelo ingresso de recursos relativos à antecipação de recebíveis da dívida da Eletrobras. Esses dois fatores, segundo o Credit Suisse, contribuirão significativamente para a redução do nível de alavancagem financeira da petroleira - um dos principais objetivos da atual gestão da companhia.
Por outro lado, o resultado será impactado negativamente pela provisão de R$ 3,2 bilhões anunciada na última sexta-feira pela Petrobras. Segundo a estatal, o provisionamento ocorreu em decorrência de litígios envolvendo a empresa Sete Brasil; processo ambiental do Estado do Paraná; e litígios sobre participação especial e royalties envolvendo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O UBS, que trabalha com lucro líquido de R$ 7,3 bilhões para a petroleira no período, estima que esse número tem potencial para chegar a R$ 14,4 bilhões, considerando os impactos não-recorrentes.
Fonte: Valor