A empresa Nanium, de origem portuguesa, negocia com o governo do Rio Grande do Sul e de outros dois estados a instalação de uma fábrica de semicondutores. O presidente da companhia, Armando Tavares, se reuniu na semana passada com o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Nelson Fujimoto, e confirmou o interesse de construir uma unidade fabril no País.
Além do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro também foram apontados pelo executivo como possíveis destinos da futura unidade. Especializada no encapsulamento de chips, a Nanium buscará a parceria de uma empresa local para atuar.
O anúncio do destino da unidade de semicondutores será feito em março. Enquanto isso, a companhia portuguesa prepara o início das atividades no País para a primeira semana de fevereiro, com a constituição da Nanium Holding. A empresa planeja investir entre US$ 120 milhões e US$ 200 milhões.
A Nanium irá trazer a sua fábrica de encapsulamento de Portugal para o Brasil. Lá, a operação ocupa uma área de 20,6 mil m2 e tem cerca de 440 profissionais. As áreas que a empresa está avaliando no Brasil precisarão ter condições semelhantes. Se encontrar um parceiro local forte, o número de empregos poderá ser maior.
Na disputa pela fábrica, o Rio Grande do Sul tem com arma o ambiente diferenciado que está criando na área de microeletrônica. "O Estado tem vocação para a atração de empresas de base tecnológica e um ambiente favorável para a realização de projetos na área de semicondutores", diz o secretário de Inovação do Mdic, Nelson Fujimoto. "Existem empresas, universidades e parques tecnológicos gaúchos atuando de forma muito coordenada nesse sentido", elogia. Fujimoto, porém, diz que ainda não existe uma definição da Nanium e destaca que outros estados também estão procurando se posicionar forte nessa área de alta tecnologia. Para ele, o interesse de investidores estrangeiros no País é consequência da robustez do mercado brasileiro e dos investimentos em infraestrutura.
A presença de Armando Tavares no Brasil e o anúncio de que ele está em busca de um local para a empresa que comanda se instalar reforçam a tese de que é mesmo a Nanium com a qual o governo do Rio Grande do Sul vem negociando há algum tempo.
Caso o investimento venha para o Estado, o Parque Tecnológico de São Leopoldo (Tecnosinos) é o favorito. É nele que o governo do Estado aposta as suas fichas.
Além de ter um perfil mais industrial, o parque está criando em seu entorno uma ambiência voltada para a área de semicondutores. É ali que está sendo construída a fábrica da HT Micron, que fará encapsulamento de chips e é resultado de uma parceria entre a sul-coreana Hana Micron e uma joint venture formada por empresas brasileiras. Também no Tecnosinos será instalado o Instituto de Semicondutores, uma iniciativa da Unisinos.
Além disso, o Rio Grande do Sul conta com a Ceitec, focada no desenvolvimento e produção de circuitos integrados, e o expertise dos profissionais formados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de microeletrônica.
"O Brasil construiu uma política avançada de atração de investimentos na área de semicondutores e, junto com o trabalho realizado pelas empresas e parques tecnológicos, está chamando a atenção do mundo", comenta a diretora de inovação e tecnologia do Tecnosinos, Susana Kakuta.
As negociações que envolvem a possível vinda da empresa de semicondutores para o Estado estão sendo tratadas de forma sigilosa e acontecem a partir de Brasília. Os players desse segmento chegam ao País buscando um enquadramento no Padis, programa nacional de incentivo a Pesquisa e Desenvolvimento e produção de bens de microeletrônica.
Na maioria das vezes, as empresas já sabem quais são os estados mais alinhados com o seu perfil. As especificações, geralmente, são bem detalhadas e contêm questões como sistema de tributação e competências dos profissionais. No Estado, esse assunto está sendo tratado pela Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI).
Fonte: Jornal do Commercio (RS)/Patricia Knebel
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