A mais cara refinaria construída no Brasil, e ainda inacabada, a refinaria Abreu e Lima, ou Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, vai custar US$ 17 bilhões e não os US$ 20 bilhões estimados quando Graça Foster detalhou o plano estratégico da Petrobras no dia 25 de junho. O esclarecimento foi feito ontem pelo diretor da área de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza. Ele disse que, até o momento, a companhia não aceitou pagar por "questões potenciais" no valor de US$ 3 bilhões referentes a aditivos nos contratos.
O diretor explicou que foram apresentados pleitos de US$ 3 bilhões cujas fundamentações passaram por uma avaliação de uma comissão da Petrobras. "Nós trabalhamos hoje com US$ 17 bilhões, sabendo que existe esse potencial, que todavia não está confirmado e nós vamos analisar, estamos analisando isso. Não temos definição desse valor, se ele vai ocorrer, o número que nós temos é esse [US$ 17 bilhões]", disse Cosenza.
O diretor esclareceu que os aditivos em análise referem-se a equipamentos e chuvas. "Tem uma gama muito grande [de aditivos requeridos], a gente ficar enumerando é perigoso, porque tem informações que a gente não sabe. Temos um grupo de análise que vai se posicionar sobre isso", disse Cosenza.
Sobre o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que será a refinaria com maior complexidade no país, Cosenza informou que a estatal recebeu há duas semanas licenças para a construção de um píer na Praia da Beira, na Ilha de Itaóca, em São Gonçalo, e um estrada de 18 km até o Comperj para levar equipamentos que estão armazenados no Porto do Rio, há cerca de um ano, e irão para o local por mar. Essa refinaria, cujo orçamento está em reavaliação, tem a primeira unidade de refino prevista para entrar em operação em abril de 2015.
Pelas estimativas da Petrobras, a necessidade de importações de diesel e gasolina vai cair a partir de 2015, quando a Abreu e Lima estiver pronta e a primeira unidade do Comperj, em operação. As importações de diesel, devem cair de 280 mil a 300 mil barris/dia, na média em 2014, para 100 mil a 120 mil barris/dia, em 2015. Já as de gasolina devem ficar estáveis, na faixa de 90 mil a 100 mil barris/dia entre 2014 e 2016. Hoje, a Petrobras importa uma média diária de 70 mil a 80 mil barris/dia de gasolina e 150 mil a 160 mil barris/dia de diesel, considerando bases anuais.
O gerente executivo de Marketing e Comercialização da área de Abastecimento da Petrobras, José Raimundo Pereira, disse que a companhia ainda não sentiu efeitos da explosão da refinaria na Venezuela e do furacão Isaac, que obrigou a interrupção da operação de refinarias e de plataformas de produção de petróleo na região do Golfo do México, sobre os preços dos combustíveis que estão sendo adquiridos. Pereira explicou que parte das compras da Petrobras é feita por contrato e por isso a companhia está menos exposta ao mercado spot.
Com base nos novos preços dos combustíveis no mercado americano atualizados na terça-feira, o Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) calcula que a defasagem entre os preços do mercado internacional com os comercializados pela Petrobras está em 32,7% na gasolina e 28,9%, no diesel. Sem entrar em detalhes sobre o assunto, o diretor de Abastecimento da estatal repetiu o que vem sendo dito e repetido pela direção da estatal: a companhia não trabalha com expectativas de curto prazo. O abastecimento da Petrobras vem apresentando sucessivos prejuízos - foram R$ 11,629 bilhões só no primeiro semestre de 2012.
No novo plano de negócios da Petrobras, o abastecimento tem uma carteira de projetos em implantação no valor de US$ 55,8 bilhões. Desse total, US$ 24,9 bilhões estão previstos para ampliação do parque de refino, aí incluídas a Rnest, em Pernambuco, e a primeira unidade do Comperj. Outros US$ 15,8 bilhões em projetos estão em avaliação, incluindo as refinarias Premium I e Premium II, no Maranhão e Ceará.
Fonte: Valor / Claudia Schüffner e Marta Nogueira
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