Diante do arrefecimento da formação bruta de capital fixo no país e da concorrência mais acirrada dos produtos importados, a fabricante de máquinas e equipamentos Romi cortou investimentos e passou a considerar a possibilidade de queda em suas vendas neste ano.
A empresa espera diminuir o ritmo de investimento total em 2011 para R$ 20 milhões, R$ 15 milhões abaixo de sua estimativa inicial para o exercício.
As novas projeções também apontam para uma baixa de 5% ou, na melhor das hipóteses, estabilidade na receita líquida e uma margem de geração de caixa operacional em uma faixa variando de 6% a 8%.
Antes, previa-se crescimento de 10% a 20% na receita, com margem de geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dentro da banda de 12% a 18%.
Os tímidos resultados apurados no segundo trimestre - quando o lucro líquido caiu 67,3% na comparação anual, para R$ 4,98 milhões - quebraram as expectativas do grupo sobre o desempenho no ano todo.
A crescente penetração de importados tem pressionado os preços e apertado as margens de rentabilidade da companhia, que se viu obrigada a praticar descontos para manter sua competitividade. Nos últimos 12 meses, a Romi cortou valores de sua tabela de preços por três vezes.
"Estamos defendendo nosso mercado", afirma Livaldo Aguiar dos Santos, presidente da companhia sediada em Santa Bárbara d'Oeste, no interior de São Paulo. O executivo reconhece, contudo, que ainda perde espaço na competição com fornecedores chineses no varejo de máquinas para plásticos.
Nos demais segmentos - como máquinas-ferramenta, onde a competição mais forte vem de produtos da Alemanha -, Santos diz que a companhia tem conseguido manter suas posições.
Dados divulgados ontem pela Abimaq - entidade que reúne os fabricantes de bens de capital mecânicos - mostram que as importações de máquinas e equipamentos no país subiram 32,7% no primeiro semestre, alcançando US$ 14,14 bilhões.
Com isso, o setor registrou déficit comercial de US$ 8,78 bilhões nos seis primeiros meses do ano - um saldo negativo que, mantido o ritmo, tende a alcançar US$ 20,8 bilhões até o fim do ano.
Os produtos chineses são os que mais ganham fatias de mercado e já representam 13% do total de importações de bens de capital feitas no país - atrás apenas da Alemanha (13,8%) e dos Estados Unidos (25,1%). Há sete anos, a China respondia por apenas 2,1% das importações brasileiras.
Quando se leva em conta apenas os volumes importados, os chineses já ocupam o primeiro lugar no ranking, segundo levantamento da Abimaq.
Santos, da Romi, conta que além das dificuldades na competição com importados, os retornos mais atraentes oferecidos pelo mercado financeiro estão deslocando investimentos que poderiam ser destinados à expansão produtiva.
"Meu cliente, quando tem capital, faz as contas se vale a pena comprar uma máquina ou fazer uma aplicação financeira", afirma o executivo.
Representantes da Abimaq informaram ontem que a entidade desistiu de pleitear ao governo um aumento para 35% na alíquota de importação de máquinas e equipamentos com similares nacionais.
A entidade mudou a estratégia e passou a pedir ao Planalto ações de salvaguardas contra a entrada de produtos da China.
Fonte: Valor Econômico/Eduardo Laguna | De São Paulo
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