A desaceleração da economia global e a lenta recuperação dos EUA deverão resultar numa das piores temporadas trimestrais de balanço desde o fim de 2009.
Os analistas estimam uma queda nos lucros no período encerrado em setembro, o primeiro resultado negativo depois de 11 trimestres consecutivos de ganhos.
As empresas de energia e matérias-primas devem liderar a retração, e o setor financeiro provavelmente será um dos poucos a sair-se bem.
Analistas de Wall Street estimam que o lucro por ação no terceiro trimestre para as empresas do S&P 500 vá cair 2,7% em relação ao mesmo trimestre de um ano atrás, de acordo com a consultoria FactSet. Há apenas três meses os analistas previam um crescimento de 1,9%.
Nos últimos três meses, os alertas de grandes empresas sobre a redução do lucro anual devido à desacelaração econômica global alimentaram essa visão pessimista.
FedEx e UPS, vistas como barômetros da saúde da economia mundial, cortaram a meta para o ano durante seus últimos anúncios de resultados, citando a desaceleração do comércio global.
Em agosto, em entrevista ao FT, o executivo-chefe da Caterpillar, termômetro da economia industrial, alertou sobre uma maior incerteza com relação ao crescimento global, prevendo que poderá demorar mais cinco anos antes de a economia da Europa começar a crescer.
Jeff Kleintop, estrategista-chefe de mercado da LPL Financial, disse: “Estimamos lucros ruins e receitas fracas, já que a desaceleração global e crescimento econômico abaixo da média nos EUA prejudicaram as empresas”.
Início da temporada
A temporada de resultados começa na terça-feira com a Alcoa, seguida por JPMorgan e Wells Fargo na sexta-feira.
No entanto, as expectativas pessimistas de lucros ainda não bateram em cheio sobre o mercado em geral, com o S&P 500 em alta de mais de 16% até agora. Os preços das ações estão sendo segurados pela estratégia do Federal Reserve, o banco central americano, de comprar grandes quantidades de bônus, o que reduz as taxas de juros e aumenta a atratividade de ativos mais arriscados, como ações.
“Se não houver uma correção, mesmo depois da decepção com os resultados, então ficará claro que os fundamentos deram lugar ao Fed”, disse Quincy Krosby, estrategista de mercado da Prudential Financial.
Investidores em ações também estão olhando para os resultados do último trimestre do ano, dada a expectativa de que os resultados vão melhorar.
Essa perspectiva pode mudar, no entanto, se as empresas voltarem a expressar cautela sobre seus ganhos futuros na divulgação dos resultados nas próximas semanas.
“Mesmo com as expectativas ajustadas para um cenário mais realista, os resultados podem decepcionar e pressionar as ações”, disse Michael Kastner, diretor da Halyard Asset Management. “É preocupante ver os alertas da FedEx e outras informações do setor de transportes sugerindo que este não será um bom trimestre.”
O setor financeiro deve ser uma das poucas exceções, com a expectativa dos analistas de crescimento de 10% no lucro para o trimestre, de acordo com a FactSet.
Antes da safra de resultados, as empresas tendem a esfriar as expectativas para surpreender o mercado com resultados melhores que os esperados.
“Nós esperamos mais surpresas positivas no terceiro trimestre, principalmente porque o consumidor está relativamente bem e, por isso, 80% das empresas vinculadas ao consumo terão resultados melhores do que o consenso dos analistas", disse Phil Orlando, estrategista-chefe de ações da Federated.
Fonte: Valor / Anora Mahmudova e Michael Mackenzie
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