Saída dos estrangeiros da bolsa é a maior em 23 anos
A saída de investimento de estrangeiros na B3, a bolsa de valores de São Paulo, se aproxima do recorde da série histórica, iniciada em 1996, para os primeiros oito meses do ano. De janeiro a 15 de agosto (último dado disponível), o resultado entre compras e vendas de ações por estrangeiros na bolsa estava negativo em R$ 19,16 bilhões.
O volume de saques supera o do mesmo período em 2008, de R$ 16,53 bilhões, quando já eram sentidos os primeiros efeitos da crise americana das hipotecas que levaria à quebra do banco Lehman Brothers em setembro daquele ano. A saída vem ocorrendo desde maio, devido à piora do ambiente externo.
Além do recrudescimento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, mais recentemente o aumento das chances de a economia mundial entrar em recessão tem contribuído para tornar os investidores mais cautelosos. Indicadores mostrando a desaceleração da Alemanha, da China e de seus vizinhos na Ásia estão incentivando aplicadores a trocar investimentos em emergentes por ativos em dólar.
Nesse ambiente, quem está sustentando a valorização do Ibovespa - de 13,18% em 2019 - são os investidores locais, inclusive pessoas físicas. Até 15 de agosto, o resultado entre compras e vendas de ações por investidores institucionais estava positivo em R$ 16,9 bilhões e em R$ 8,9 bilhões no caso das pessoas físicas. "Com o juro [taxa básica, Selic] baixo, existe uma perspectiva de continuidade da migração dos investidores locais para a renda variável e isso pode coexistir com as saídas líquidas do estrangeiro", diz Raphael Guimarães, operador da mesa de renda variável da RJ Investimentos.
O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou a segunda-feira em queda de 0,34%, a 99.469 pontos. A busca por proteção pressiona, também, a taxa de câmbio. Ontem, o dólar teve alta de 1,58%, cotado a R$ 4,0657, maior nível desde 20 de maio.
Fonte: Valor