Após anunciar que o lucro líquido do segundo trimestre encolheu para R$ 19 milhões, principalmente por aumento das despesas financeiras e da equivalência patrimonial negativa, a CSN reiterou metas de venda de aço e de minério no acumulado de 2014, bem como a expectativa de investir quase R$ 2,8 bilhões no ano.
Para a direção da siderúrgica, a segunda metade do ano deverá ser "melhor" para os negócios, o que poderá resultar em melhora do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no quarto trimestre e redução da alavancagem financeira.
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Segundo o diretor-executivo comercial, Luiz Fernando Martinez, o cenário global para o setor, neste momento, é de "competição extremamente acirrada" e de "guerra por competitividade". A expectativa, porém, é a de que o segundo semestre será melhor, em função de sazonalidade e maior número de dias úteis. "A partir de setembro, a situação também melhora com sinais do governo e flexibilização do crédito. No geral, teremos um bom fim de ano e algumas cadeias produtivas estão em fase de recuperar estoques, que foram praticamente zerados no período."
De acordo com Martinez, a empresa continuará focada no mercado interno. "Vamos maximizar a equação preço-custo. No segundo trimestre, preferimos trabalhar no programa de redução de custos, que estamos implementado, mas as margens devem se manter nos patamares atuais", acrescentou.
Em relação aos preços do aço, a expectativa é a de estabilidade no terceiro trimestre, com prêmio do produto nacional frente ao importado entre 11% e 16%, também estável em relação aos níveis do segundo trimestre. A CSN manteve a meta de comercializar 6 milhões de toneladas de aço em 2014 e reiterou o objetivo de encerrar o ano com vendas de minério de ferro de 37 milhões de toneladas diante da expansão na mina Casa de Pedra e no Tecar, terminal portuário da CSN em Itaguaí (RJ).
De acordo com o diretor-executivo de relações com investidores da siderúrgica, David Salama, no fim do ano, a dívida líquida da companhia deverá equivaler a no máximo 2,5 vezes o Ebitda - ante 2,71 vezes no encerramento do segundo trimestre. "Isso basicamente se dá pela perspectiva de crescimento de Ebitda no último trimestre", disse o executivo, em teleconferência com analistas. "Esperamos um fim de ano melhor, o que terá reflexo no Ebitda da empresa, mas prefiro não fazer projeções [para o resultado operacional]."
A companhia reiterou ainda a expectativa de investimentos anunciada para este ano, de aproximadamente R$ 2,8 bilhões, dos quais R$ 1,5 bilhão para mineração, R$ 620 milhões para siderurgia e R$ 400 milhões para cimento. No início do ano, a direção da CSN já havia apresentado esses valores, acrescidos de R$ 240 milhões referentes a "outros projetos".
A CSN obteve lucro de R$ 19 milhões entre abril e junho, contra R$ 501,9 milhões um ano antes, prejudicada pelo resultado financeiro líquido negativo de R$ 814,9 milhões, frente a R$ 457,8 milhões negativos no segundo trimestre de 2013, e pelo resultado de equivalência patrimonial negativo em R$ 67,4 milhões (frente a R$ 282,6 milhões positivos um ano antes).
A linha financeira foi influenciada sobretudo por encargos de empréstimos e financiamentos no total de R$ 691 milhões. Já na linha da equivalência pesou uma baixa contábil referente a dividendos que já haviam sido registrados pela siderúrgica. Segundo notas explicativas que acompanharam o resultado, a Namisa, que a brasileira controla em conjunto com produtoras asiáticas de aço, decidiu destinar o lucro de 2012 para reserva de investimento e de contingências. No entanto, a parcela referente à CSN já havia sido contabilizada como provento.
Assim, no segundo trimestre a empresa teve de realizar a reversão desses dividendos e encarar uma baixa de R$ 484,9 milhões nessa linha. A saída da Transnordestina Logística da equivalência, depois que a controlada foi cindida parcialmente em uma nova empresa, também pesou no resultado.
A receita líquida no trimestre ficou estável, com recuo de 0,2% na comparação anual, para R$ 4,05 bilhões. Já o Ebitda ajustado avançou 19% na mesma base de comparação, para R$ 1,3 bilhão. A CSN vendeu 20,4% menos aço (1,26 milhão de toneladas) no trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, mas se beneficiou dos reajustes que realizou no início do ano. A receita líquida por tonelada de aço vendido foi a R$ 2,2 mil, aumento de 13,9% ante o mesmo período de 2013. Já as vendas de minério subiram 20%.
Fonte: Valor Econômico\Stella Fontes e Renato Rostás | De São Paulo